Você é uma daquelas pessoas que após o almoço gosta de tirar um cochilo e caso não consiga dormir um pouquinho durante à tarde passa o resto do dia com a sensação de sonolência? Segundo especialistas, isso pode ser um indicador de problemas de saúde, como estresse e insônia. “Dormir durante o dia é um indicador precoce de problemas de saúde subjacentes”, alertou Yue Leng, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, à revista Time Health.
No entanto, antes do diagnóstico é preciso observar alguns sinais, como quanto tempo duram os cochilos e como o indivíduo se sente ao acordar. Em entrevista a revista Men’s Health, Michael Grandner, diretor do Programa de Pesquisa do Sono e Saúde no Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, 60 minutos ou mais de soneca durante o dia é um sinal de que há algo errado com a sua rotina de sono ou com a sua saúde.
É comum tentar compensar uma noite mal dormida com um período de descanso durante a tarde, mas o especialista indica que essa compensação não deve se tornar um hábito diário, especialmente se ao acordar o indivíduo se sente tonto e mais cansado. A inércia do sono, como é conhecida esta desorientação, é uma alerta do corpo para anunciar que não está pronto para acordar completamente já que o tempo de descanso não foi o suficiente para recarregar as energias.
Além disso, um estudo publicado no American Journal of Epidemiology em 2014 mostrou que as sestas estão associadas ao um risco 32% maior na mortalidade. Mas vale lembrar que não é o hábito de dormir que aumenta o risco e sim a causa que está levando a pessoa a se sentir tão cansada nos períodos diurnos.
Outros estudos mostraram que rotinas de sono diurnas que duram mais de uma hora aumentam o risco de diabetes tipo 2 — os cientistas encontraram relação entre o sono diurno e a obesidade — e doenças cardíacas — embora os cientistas não tenham conseguido determinar os mecanismos envolvidos nesse risco. Se os cochilos à tarde forem causados por insônia, doenças como Alzheimer e obesidade também podem estar na lista.
Benefícios
Não entre em pânico: para toda regra existe uma exceção. De acordo com especialistas, os cochilos diurnos são muito benéficos para alguns grupos. Isso porque devido à genética, esses indivíduos — chamados de “cochiladores” naturais ou habituais — realmente precisam descansar ao longo do dia para que funcionem melhor. “Essas pessoas, que provavelmente representam cerca de 40% da população, tendem a se sair mal se não cochilarem”, disse Sara Mednick, psicóloga da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, à revista Time Health.
Ao contrário de quem se sente sonolento por causa de condições que interferem na rotina noturna, essas pessoas não só sentem menos sono como experimentam melhora do humor, do funcionamento cognitivo, do tempo de reação e memória de curto prazo, influenciando positivamente na produtividade. Segundo a Fundação Nacional do Sono dos Estados Unidos, esses são os benefícios mais comuns do cochilo de energia, que dura em média de 20 a 30 minutos. Pesquisadores ainda apontam que entre as 14h e 15h é um período adequado para a soneca por coincidir com o horário do almoço.
Durma melhor
Para especialistas, o ciclo normal de sono (quanto tempo se leva para dormir) de um indivíduo pode demorar entre 10 e 20 minutos. Levar menos de cinco minutos para dormir ou adormecer assim que se deita pode ser sinal de problemas de saúde. “O sono não é um interruptor ligado. É mais como puxar lentamente o pé do acelerador e lentamente colocar o pé no freio. Há um processo que precisa acontecer”, explicou Michael Breus, especialista em sono, ao Medical Daily. O mesmo vale para quem leva horas para dormir, cujas causas podem ser insônia ou relógio corporal prejudicado, provocado comumente por consumo excessivo de cafeína ou jet lag.
Para Fundação Nacional do Sono dos Estados Unidos, a melhor qualidade de sono está associada a fatores ambientais como a temperatura, que deve estar entre 12°C e 23°C, e a iluminação mais escura. No caso de pessoas que necessitam de luzes noturnas, a recomendação dos pesquisadores da Universidade de Harvard é escolher cores vermelho-escuras, pois têm perturbam menos os ritmos circadianos (ou ciclo biológico). Também é importante manter a circulação de ar adequada dentro e fora das cobertas. A duração do sono durante a noite também deve ser monitorada, não devendo passar das 7 a 9 horas por noite.