Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Como o sexo oral se tornou um fator de risco para o câncer de garganta

Quando feito sem proteção, o sexo oral pode disseminar o HPV, vírus normalmente associado ao câncer de colo de útero

Por Diego Alejandro
Atualizado em 4 Maio 2023, 19h18 - Publicado em 4 Maio 2023, 16h38

Se um tumor for detectado na boca ou garganta de um paciente, a primeira coisa que o médico pergunta é se ele fuma ou bebe. Afinal de contas, essas sempre foram as principais causas da moléstia, por séculos. Nos últimos anos, porém, outra indagação entrou no questionário protocolar: “Você é sexualmente ativo?”, graças ao papilomavírus humano (HPV), vírus normalmente associado ao câncer de colo de útero, mas que também pode ser transmitido por sexo oral.

Embora o vírus – que, de fato, é transmitido sexualmente – seja responsável por 70% dos casos de câncer cervical, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), também é atualmente a principal causa de câncer de orofaringe, que afeta a área das amígdalas e parte posterior da garganta. É o que descreve um artigo publicado no portal The Conversation, pelo professor Hisham Mehanna, do Instituto de Câncer e Ciências Genômicas da Universidade de Birmingham, na Inglaterra. 

Câncer orofaríngeo

HPV é o nome dado a um grupo de mais de 200 tipos de vírus capazes de infectar tanto a pele quanto a mucosa oral, genital e anal de mulheres e homens. A teoria predominante é que a maioria das pessoas que contraem infecções por HPV é capaz de eliminá-las completamente.

“Contudo, alguns indivíduos entram em contato com vírus de alto risco, que se alojam no começo da língua e geram uma infecção crônica do HPV. Em linhas gerais, o agente patogênico consegue alterar o DNA e inibir uma resposta a tumores, acumulando erros na divisão celular e gerando um câncer”, explica Pedro De Marchi, oncologista clínico especialista em cabeça, pescoço e tórax do Grupo Oncoclínicas.

Continua após a publicidade

Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, 70% dos casos de câncer orofaríngeo diagnosticados em território americano estão relacionados ao papilomavírus humano. Uma das razões apontadas pela ciência para o crescimento do número de infecções é associada à prática do sexo oral na América do Norte.

Na cidade de São Paulo, a incidência da doença dobrou entre 1997 e 2013, de acordo com um estudo da Universidade de São Paulo (USP). No período analisado, foram registrados 15.391 casos novos na capital paulista, sendo 38,3% relacionados ao HPV (um total de 5.898 casos).

“Hoje, menos pessoas estão usando preservativos, tanto o peniano quanto o vaginal, e em alguns grupos se observa um maior número de parceiros sexuais”, explica Alexandre Naime Barbosa, médico e professor de Infectologia da Universidade Estadual Paulista. Aliado ao fato de que a vacinação contra a doença está muito distante do ideal, temos uma fórmula preocupante.

Baixa vacinação

Dados do Ministério da Saúde revelam que a cobertura vacinal atual no país para o HPV é de 76,3% (primeira dose) e 57,7% (segunda dose) entre meninas e de 42,2% (primeira dose) e 27,4% (segunda dose) entre meninos.

Continua após a publicidade

O imunizante é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas e meninos de 9 a 14 anos, além de mulheres e homens de 15 a 45 anos vivendo com HIV/aids, transplantados e pacientes oncológicos. A vacina é uma estratégia de prevenção para os tipos de vírus 6, 11, 16 e 18, os mais frequentes entre a população.

“Ao vacinar adolescentes antes de chegarem à vida sexual, diminui-se drasticamente a chance de contaminação e propagação do HPV. A cobertura vacinal pífia não explica o aumento, mas é uma maneira de sair dessa situação”, afirma Barbosa.

A transmissão do HPV geralmente acontece por meio de relações sexuais, seja por meio vaginal, oral, anal ou até mesmo durante a masturbação mútua, sem a necessidade de penetração desprotegida para o contágio. No caso do câncer orofaríngeo, os sintomas podem incluir dor de garganta prolongada, dor de ouvido, rouquidão, inchaço dos gânglios linfáticos, dor ao engolir e perda de peso sem causa aparente. Algumas pessoas não apresentam sintomas.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.