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WhatsApp influencia debate mais do que define voto, diz analista

Para especialista, é quase impossível determinar peso do aplicativo; ferramenta, no entanto, tem poder de pautar o debate público

Por Guilherme Venaglia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 out 2018, 20h11 - Publicado em 24 out 2018, 17h45

Pesquisa do Ibope, divulgada na manhã desta quarta-feira 24, mostrou que o eleitor brasileiro não sente ter sido influenciado pelo WhatsApp em sua decisão de voto no primeiro turno das eleições presidenciais. Entre os 3.010 entrevistados pelo instituto, 75% disseram que informações negativas sobre outros candidatos não ajudaram em sua definição de voto.

Da mesma forma, os dois postulantes que avançaram para o segundo turno, Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), foram igualmente impactados, ambos citados por 18% como alvos desse tipo de material. Também foi indicado que 56% dos eleitores afirmam ter ido atrás para se certificar da veracidade dos conteúdos, diminuindo, em tese, o impacto das fake news, as notícias falsas.

Os dados precisam ser analisados com cuidado, alerta o analista Leonardo Barreto, doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB). O motivo, segundo ele, é que o eleitor não relaciona seu motivo de voto com um único fator — como “um conteúdo específico, a respeito de um postulante, que tivesse sido determinante e pudesse fazer a ligação”.

De acordo com o cientista político, o eleitor brasileiro tem o histórico de relacionar seu voto com conversas que mantém com amigos e familiares, em um processo que, apesar de objetivo, é contínuo e assume um caráter quase coletivo. Nesse cenário, torna-se um desafio, tanto para afirmar quanto para negar o peso do WhatsApp, delimitar quais informações contribuíram para o clima no entorno do indivíduo e que o estimulou para a tomada de determinada decisão.

“Ao longo da campanha, o eleitor foi recebendo essas informações no WhatsApp, mas o voto, em si, ele pode ter definido em outras situações, como em conversas com amigos ou a família, onde alguns desses temas apareceram, mas essa escolha não fica identificada como sendo a partir do aplicativo”, argumenta.

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Para Barreto, o WhatsApp se torna um meio pelo qual temas são inseridos na pauta pública — uma ferramenta que traz como grande novidade seu caráter “anárquico”, sem regras claras e sem um algoritmo que hierarquize conteúdos, e a velocidade com a qual as informações são disseminadas. Diante desse cenário, a constância dos envios das mensagens e as relações de confiança entram no jogo e atuam para “cristalizar” aquela opção.

Empoderamento

Para Leonardo Barreto, nesse ambiente de poucas regras e com relacionamentos com base em confiança e contatos pessoais, o cidadão fica “empoderado”. “Qualquer um produz, veicula e dissemina os conteúdos, sem os mesmos critérios, em aspectos éticos e de imparcialidade, que são exigidos da imprensa tradicional. É um empoderamento do cidadão. Por outro lado, quem pretende enganar ganha o mesmo peso de quem quer informar.”

O cientista político alerta, no entanto, que adotar restrições legais ao WhatsApp não é uma solução, por não ser um problema específico desta ferramenta. “Restringi-lo não adianta. Fecha-se uma janela e abrem dezenas de outras. É um desafio, uma questão complexa de difícil solução”, diz.

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