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Teich deixou ministério por ‘foro íntimo’, dizem Braga Netto e Ramos

Em coletiva de imprensa, ministros ainda disseram que presidente respeita a ciência e defenderam uso de cloroquina, ponto decisivo para demissão de Teich

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 Maio 2020, 20h18 - Publicado em 15 Maio 2020, 19h55

Depois de o ex-ministro da Saúde Nelson Teich pedir demissão nesta sexta-feira, 15, após apenas 28 dias no cargo, e fazer um pronunciamento em que não citou o motivo para deixar o cargo, os generais Walter Braga Netto, ministro da Casa Civil, e Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, disseram que o oncologista pediu para sair do governo por “questões de foro íntimo”.

Em coletiva de imprensa pelos 500 dias do governo Bolsonaro, ao lado dos ministros Paulo Guedes (Economia) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), eles também confirmaram que o secretário-executivo da pasta, general Eduardo Pazuello, ficará à frente da pasta da Saúde até que se defina o sucessor de Teich. Escolhido pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro para o cargo que ocupa, Pazuello é o favorito para se tornar ministro.

“O ministro Teich saiu por questões de foro intimo. Conversou hoje com o presidente, conversa amigável, conversou comigo e outros ministros, sem problema nenhum. São posições diferentes, o presidente não ignora a ciência, o presidente segue os protocolos, ele tem uma visão diferente [sobre] qual é o protocolo a ser seguido e a questão do ministro Teich é uma questão realmente de foro íntimo”, afirmou Braga Netto.

“O general Pazuello vai ficar interino e está tocando o ministério. Como disse o ministro Braga Netto, conversei com o ministro Nelson Teich e ele estava sereno, decisão de foro íntimo. Aliás, ele na coletiva falou ‘a vida é feita de escolhas’ e ele escolheu sair, simples assim”, completou Ramos. Em outro momento da entrevista, o general disse que a troca de ministros do govero pelo presidente “faz parte da democracia”.

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Teich estava desprestigiado com Bolsonaro e comandava um ministério sob intervenção do presidente desde que tomou posse, substituindo o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. Ele não pôde sequer nomear o secretário-executivo, segundo cargo mais importante da pasta, e não foi consultado sobre a inclusão de academias, salões de beleza e barbearias como atividades essenciais – Teich ficou sabendo pela imprensa, durante uma entrevista coletiva. A gota d’água para o pedido de exoneração de Nelson Teich foram divergências com o presidente acerca do uso da hidroxicloroquina em pacientes com coronavírus.

Embora tenha sido contrariado várias vezes pelo chefe do Executivo no curto tempo em que esteve à frente da pasta, Nelson Teich evitou criticar Bolsonaro no rápido pronunciamento que fez ao sair do cargo. Ele também agradeceu por ter tido a oportunidade de trabalhar no sistema público de saúde e disse que “foi construído um programa de testagem, que está pronto para ser implementado”. A um amigo, no entanto, ele afirmou que a atitude do presidente “entrou no terreno do desrespeito”.

“A vida é feita de escolhas e hoje escolhi sair. Digo a vocês que dei o melhor de mim no período em que estive aqui. Não é nada simples estar à frente de um ministério desses num momento tão difícil”, afirmou. “Traçamos aqui um plano estratégico. As ações foram iniciadas e o plano deve ser seguido. Todo o tempo trabalhamos para passar por um momento como esse, e todo o sistema [de saúde] é pensado em paralelo”, disse.

Mais tarde, na coletiva de imprensa, Braga Netto relativizou a posição contrária de Bolsonaro a medidas de isolamento social. Segundo o ministro, o presidente é “contra os excessos que são tomados”. “O presidente não é contra o isolamento, ele é contra o isolamento que vai prejudicar o emprego e vai gerar fome la na frente”, disse.

Apesar dos inúmeros episódios em que o presidente causou aglomerações, não usou máscara e cumprimentou simpatizantes com abraços e apertos de mão, contrariando as recomendações de órgãos sanitários como a Organização Mundial de Saúde e do próprio Ministério da Saúde, o general Ramos também afirmou que o chefe “respeita a ciência”. “Ele está usando máscara, ele segue”, exemplificou.

Ramos ainda criticou a imprensa pela cobertura da pandemia de Covid-19 no país e, citando casos de veículos que reduziram os salários de funcionários em 25%, declarou que jornalistas ficarão sem emprego “daqui a pouco”. “Vocês vão ficar é sem emprego, não estou ameaçando não, é o mercado”. “Na hora que começar a faltar comida pra gente que está noticiando, talvez vocês entendam que é bom ver os dois lados. Enquanto o cabra está em casa o salário pinga todo mês, que beleza, ele está em casa e as pessoas morrendo”.

Na entrevista à imprensa, Damares Alves defendeu enfaticamente o uso da cloroquina contra a Covid-19. Ela relatou que sua pasta tem sido procurada por “brasileiros que querem ter o direito de escolher se tomam ou não tomam, é direito do paciente dizer se toma ou não toma”.

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“Ninguém é obrigado a tomar cloroquina, então aqueles que não acreditam no remédio façam agora uma declaração dizendo ‘eu não quero tomar e meu filho está proibido de tomar’. Faça só isso, ninguém é obrigado a tomar, mas, antes da declaração, procure as outras correntes da ciência que estão defendendo que o remédio, adicionado ao coagulante, está dando certo. Vamos entender que a ciência tem correntes, a ciência diz que café faz mal e a ciência da outra corrente diz que café não faz mal. Cientistas do mundo inteiro estão defendendo uma corrente que a cloroquina faz bem”, disse ela.

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