Só as mulheres podem salvar o PT de vexame histórico nestas eleições
Candidatos do partido patinam em São Paulo, Rio e Belo Horizonte. Marília Arraes (Recife) é uma das poucas garantias de avançar para o 2º turno
Só as candidatas mulheres podem salvar o PT neste final de semana de um dos maiores vexames de sua história em eleições municipais. Os candidatos do partido no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte não deverão passar para o segundo turno. O PT só tem alguma chance de ir para o segundo turno em Recife, Salvador e Fortaleza, onde três candidatas mulheres têm alguma chance.
A última pesquisa divulgada pelo Datafolha mostra que Jilmar Tatto está com 6% dos votos em São Paulo, o que o elimina do segundo turno. No Rio, a candidata Benedita da Silva está com 10% dos votos e também não deve assegurar uma vaga. O candidato Nilmário Miranda, em Belo Horizonte, está com 2%. Os candidatos de São Paulo e Rio foram os que mais receberam dinheiro da direção do PT. Tatto recebeu 4,9 milhões de reais e Benedita 3,9 milhões de reais.
Uma das candidatas mais bem pontuadas do PT é Marília Arraes, neta de Miguel Arraes, que apareceu com 25% e deve disputar o segundo turno com João Campos, do PSB, filho do ex-governador Eduardo Campos, que morreu em acidente de avião. Marília Arraes recebeu 1,76 milhão de reais da direção do PT. Em 2018, o partido retirou o nome de Marília como pré-candidata ao governo do Estado.
A candidata do PT em Salvador, Major Denice, pontuou 17% das intenções de votos, de acordo com a última pesquisa Ibope, e é outra bem pontuada do partido nestas eleições, em se tratando de uma novata. Ela recebeu 1,76 milhão de reais de doação eleitoral do PT. O candidato Bruno Reis (DEM), com 61%, pode aniquilar a campanha no primeiro turno.
Em Fortaleza, a candidata Luizianne Lins apareceu com 17%, mas pode ficar fora do segundo turno. O candidato do PDT, Sarto, está em primeiro lugar, com 29% dos votos, seguido por Capitão Wagner (Pros), com 28%. Luizianne também recebeu 1,76 milhão de reais do partido. Apoiada pelo PT, a candidata à prefeitura de Porto Alegre Manuela D’Ávila (PCdoB) aparece com 40% das intenções de votos e, de acordo com o último Ibope, deve disputar o segundo turno com Sebastião Melo (MDB), que tem 25%.
Marília Arraes e Luizianne Lins têm histórico de desavenças com a cúpula do PT. Isso se repetiu com outras mulheres no passado. Em 1985, a deputada Bete Mendes e mais dois parlamentares foram estigmatizados na legenda e tiveram de deixar o PT por votar em Tancredo Neves. Em 2003, o PT expulsou quatro congressistas, entre eles a senadora Heloisa Helena (AL) e a deputada Luciana Genro (RS), por desobedecerem o partido e criticarem o governo de Lula. Em 2009, Marina Silva deixou o partido depois que Lula escolheu Dilma como sua candidata.