Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Presidente do Clube Militar contesta documento da CIA sobre Geisel

Para Gilberto Pimentel, divulgação do memorando sobre o aval do ex-presidente a execuções em seu governo pretende prejudicar candidatos militares

Por Da Redação Atualizado em 11 Maio 2018, 19h54 - Publicado em 11 Maio 2018, 17h18

O presidente do Clube Militar, Gilberto Pimentel, respondeu nesta sexta-feira 11 à divulgação do documento da CIA, datado de abril de 1974, que revela que o ex-presidente Ernesto Geisel autorizou a continuidade da “política” de execução de opositores da ditadura militar (1964-1985). Ao comentar o memorando do então diretor da agência de inteligência ao Departamento de Estado dos EUA, localizado pelo pesquisador brasileiro da Fundação Getulio Vargas (FGV), Matias Spektor, o general classificou a publicação como “inteiramente fantasiosa”.

Sem citar diretamente o nome do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), capitão da reserva do Exército e pré-candidato à Presidência da República, o general Pimentel disse que a publicação acontece no momento em que ele está em posição “privilegiada” nas pesquisas eleitorais e que um número expressivo de militares decidiu se candidatar a diversos cargos nas próximas eleições.

“A oportunidade para mim é clara”, comenta o presidente do Clube Militar. “Temos agora na liderança das pesquisas para as eleições presidenciais um candidato que surgiu do nosso meio e um grupo expressivo de militares que, democraticamente, nesses dias consolidou a intenção de candidatar-se aos mais variados cargos de governo, desde os municipais, passando pelos estaduais até os federais”, justificou ele.

Depois de destacar que o documento “não vale um tostão furado”, Gilberto Pimentel também afirmou que os ex-presidentes Ernesto Geisel e João Figueiredo foram “homens de bem” e que os que viveram este tempo “sabem bem que os objetivos que estabeleceram àquela altura do governo militar não abrigavam esse tipo de ação”. Segundo ele, “a ordem era restabelecer a plenitude da democracia e devolver o poder aos civis”.

O presidente do Clube Militar, instituição que costuma ser a voz da categoria, quando o Exército, em particular, e as Forças Armadas são atacados, afirma ainda que “não se surpreendia” com a divulgação de um documento.

O general Pimentel critica ainda a forma como os militares são tratados. “Hoje, quem tem direito a distorcer os fatos são os bandidos em relação à polícia que os combate, e, ontem, os subversivos terroristas que pretenderam implantar no Brasil uma ditadura do proletariado com relação às forças legais que lhes deram combate”, completou.

Continua após a publicidade

“Chocante”

Na avaliação de quem se dedica a estudar o período, a revelação do documento da CIA vem em um momento importante do paísA revelação choca e é muito grave. Confirma algo que se pensava: que as ordens e o modo de se fazer execução vieram do próprio presidente da República”, afirma Gilson Dipp, ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e primeiro coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV).

O jurista também previne eventuais desqualificações do memorando da CIA, “que sabia tudo sobre o Brasil e, de certa forma, alimentava intelectualmente e ideologicamente as Forças Armadas”. “Não adianta alegar que seja um documento incompleto ou inverídico, porque ele só vem a corroborar aquilo que já se sabia, não com tantos detalhes, em relação à forma de participação de um presidente da República.”

O professor de relações internacionais da Universidade de São Paulo (USP) Pedro Dallari, que coordenou a comissão durante na etapa final dos trabalhos, classifica o documento como “estarrecedor”. “Algo que é de uma barbaridade enorme, o extermínio de seres humanos, passa a ser tratado como uma política pública. O presidente decide se vai dar continuidade à política do governo anterior ou se vai fazer ajustes com a maior naturalidade”, afirma. 

Continua após a publicidade

(com Estadão Conteúdo)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.