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Hospital das Forças Armadas: compra emergencial e quarto para o presidente

O hospital do alto escalão do poder reservou 10 leitos de UTI para casos de coronavírus e já se prepara para dobrar a quantidade, caso haja necessidade

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 mar 2020, 12h16

Na última terça-feira 17, o Hospital das Forças Armadas (HFA) em Brasília adquiriu um kit emergencial de suprimentos médicos. São luvas, máscaras, capotes, termômetros para medição a distância e medicamentos e descartáveis para uso na unidade de terapia intensiva (UTI). Todos foram comprados sem licitação, e a justificativa para a dispensa é o caráter emergencial imposto pelo avanço do coronavírus no Brasil.

Dois dias antes da compra, o presidente Jair Bolsonaro compareceu à manifestação favorável ao seu governo e interagiu com os apoiadores, chegando a pegar em suas mãos e tirar fotografias. Ele já fez dois exames para checar se foi infectado com a Covid-19 – e ambos atestaram negativo.

O presidente não descarta fazer uma nova avaliação. Isso porque ele teve contato com o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, quando ele já estava infectado com o coronavírus. O ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia), além de outras 20 pessoas que estiveram em contato com a comitiva da viagem aos Estados Unidos, entre os dias 7 e 10 deste mês, também estão contaminadas.

É para o Hospital das Forças Armadas que o alto escalão do poder será encaminhado se houver necessidade de internação. Considerado o centro de referência de autoridades federais, o HFA disponibilizou dez leitos de UTI para pacientes com coronavírus e trabalha para, se houver necessidade, dobrar a quantidade.

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O presidente da República, por questões de segurança, tem direito a uma unidade de internação exclusiva para ele. O quarto conta com todo o aparato de uma UTI. Também têm direito a usar a estrutura do hospital o vice-presidente da República, ministros e servidores da Presidência da República, além de militares e seus familiares do Distrito Federal e de 17 estados do país – o que chega a abarcar 130.000 pessoas. Há, no entanto, um andar designado para atender as autoridades.

Por mês, o HFA atende uma média de 20.000 pessoas. Mas, desde que o coronavírus chegou ao país, houve um aumento substancial da procura. De acordo com o general Manoel Pafiadache, que é secretário de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto do Ministério da Defesa e responsável pelo hospital, houve uma corrida por atendimentos no local, embora não tenha sido diagnosticado nenhum caso. “Talvez seja por desinformação e ou receio”, afirmou.

O general Pafiadache disse ainda que desde janeiro o HFA iniciou suas aquisições de material e serviços para o enfrentamento ao coronavírus. Embora à época ainda não houvesse nenhum caso confirmado no país, o hospital atuou na Operação Regresso, que resgatou os brasileiros que se encontravam em Wuhan, cidade da China considerada o epicentro do coronavírus, e por isso comprou os equipamentos necessários para o tratamento da doença. A qualidade da estrutura é garantida.

A dez quilômetros do hospital das autoridades, porém, há uma outra realidade. O Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), unidade pública considerada referência para o tratamento de casos de coronavírus, tem sido alvo de denúncias desde antes do primeiro caso da doença na capital federal. Deputados distritais receberam relatos de erros primários cometidos por funcionários do hospital. No início do mês, um casal que havia chegado de viagem da Tailândia apresentou sintomas da doença e foi até lá para realizar exames. Sob suspeita, eles foram encaminhados a um quarto isolado. Até aí, o protocolo foi seguido, mas um detalhe não passou despercebido: o quarto de isolamento sequer havia passado por uma limpeza antes de receber o novo paciente.

O material utilizado pelo paciente anterior ainda estava dentro da lixeira e no local ainda havia copos, pratos e bandejas sujos. Também houve relatos de falta de insumos básicos, como máscara de proteção e luvas para uso de médicos e enfermeiros, e reclamações pelo fato de que o marido de uma paciente internada com coronavírus em estado grave circulava livremente pelas dependências do hospital. Dias depois, ele também teve a contaminação confirmada. Em 10 dias, o HRAN teve duas trocas no comando.

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