A escalada nos ataques de Jair Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (STF) nos atos de 7 de setembro ampliou a dificuldade para que Executivo e Judiciário cheguem a um acordo sobre o pagamento dos precatórios. Em conversas reservadas, governistas e aliados esperam que os acenos de paz do presidente ajudem na retomada das negociações. Caso isso não ocorra, a temperatura entre os dois poderes pode voltar a subir.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que pretende intensificar as conversas com ministros do Supremo a partir da próxima semana. O orçamento de 2022 prevê o pagamento integral de quase 90 bilhões de reais. O governo propôs o parcelamento das dívidas. Os recursos que deixarão de ser pagos seriam usados para financiar o Auxílio Brasil, a nova versão do Bolsa Família.
Um impasse na decisão sobre os precatórios embute uma armadilha para o Judiciário. Interlocutores de Bolsonaro afirmam que, caso o Executivo não encontre espaço para ampliar os programas de transferência de renda, o governo pode acabar responsabilizando o Supremo pelo naufrágio do Auxílio Brasil, que prevê reajuste nos valores dos benefícios.
“Se não se chegar a um acordo, de novo é o Supremo interferindo na vida do país, tirando espaço do Auxílio Brasil, tirando espaço dos investimentos em infraestrutura com suas decisões”, disse o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR)acrescentou Barros.
Para o deputado Marco Feliciano (PL-SP), apesar do desgaste, os Poderes devemo chegar a um acordo nessa questão: “A relação com o Supremo não está deteriorada, mas sim com um ou outro, e o Auxílio Brasil é de extremo interesse dos menos favorecidos, tenho convicção de que será aprovado em tempo a não oferecer risco de atrasar benefícios, a maioria dos ministros do Supremo é sensível à causa pública.”