Em um novo áudio recuperado pela Polícia Federal, o executivo da JBS Ricardo Saud, preso desde o dia 10 deste mês, conversa com o ex-deputado federal João Magalhães (PMDB-MG) sobre o pagamento de uma propina de 4 milhões de reais que teria sido prometida a ele, ao atual vice-governador de Minas, Antonio Andrade, e outros integrantes da bancada mineira na Câmara. Em setembro de 2014, já pensando na eleição para a presidência da Casa, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) usou os 4 milhões de reais da sua conta-propina com a JBS para comprar o apoio de parlamentares mineiros. A bolada seria dividida entre Andrade e outros parlamentares.
O então deputado João Magalhães levaria parte da bolada, mas ficou com medo de ser flagrado pela PF com o dinheiro e, nas palavras de Saud, “tomou um chapéu” de Andrade, que teria recebido a propina pelos dois, mas não repassou ao colega.
OUÇA AQUI essa conversa.
Na conversa gravada pelo executivo da JBS, o ex-deputado reclama que não recebeu a propina, diz que tem todas as anotações dos acertos de dinheiro sujo “escondidos no gabinete” e que precisa resolver a situação. O ex-deputado então revela que rompeu com Andrade porque levou um golpe do colega: “Nós chegamos na Pampulha [o aeroporto para voos privados em Belo Horizonte]. Eu tava indo para um comício em [Governador] Valadares, aí a Polícia Federal fica na frente do aeroporto, você chega com uma mochila cheia de dinheiro?”, diz Magalhães.
“Nós resolvemos tudo. Você tomou um chapéu”, diz Saud ao ex-deputado.