Em Pernambuco, PF faz operação contra doador de Eduardo Campos
Investigadores descobriram outra empresa envolvida na compra de avião que caiu com ex-governador; estão sob suspeita doações para Campos em 2010 e 2014
A Polícia Federal em Pernambuco deflagrou, na manhã desta terça-feira, a Operação Vórtex, desdobramento da Operação Turbulência, para investigar mais uma empresa envolvida na polêmica compra do avião Cessna Citation, que caiu em agosto de 2014, levando o então candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB). Campos faleceu no acidente aéreo, ocorrido em Santos (SP), aos 49 anos.
Nesta etapa são investigados crimes de corrupção, direcionamento de licitação e lavagem de dinheiro, que teriam movimentado cerca de 600 milhões de reais desde 2010, tendo como alvo os donos do avião em que estava o ex-governador. Ao todo, 30 policiais federais cumprem dez ordens judiciais em Pernambuco, sendo seis mandados de busca e apreensão e quatro mandados de condução coercitiva.
A investigação partiu da análise das contas das empresas envolvidas na compra da aeronave e identificou que uma das companhias investigadas na Operação Turbulência teria sido utilizada apenas como conta de passagem, pois recebeu valores de outra empresa dois dias antes de realizar a compra do avião. Esta outra empresa, que repassou os valores, ainda não havia sido investigada.
“Ao investigar mais a fundo a empresa remetente dos recursos, verificou-se que ela possui contratos milionários com o governo do Estado e que suas doações a campanhas políticas aumentaram de forma exponencial ao longo dos últimos anos, notadamente para o partido e candidatos apoiados pelo ex-governador do Estado, Eduardo Campos”, diz a nota divulgada pela PF.
O nome da operação é uma referência ao jargão aeronáutico, vórtex (ou vórtice), que é o nome dado ao movimento de massas de ar em formato de redemoinho ou ciclone que geralmente precede a turbulência.
Turbulência
A Operação Turbulência, realizada em junho de 2016, apurava a suspeita de delitos no financiamento das campanhas de Campos à reeleição para o governo de Pernambuco em 2010 e para o Planalto na eleição seguinte. Naquele ano, após o falecimento de Campos, a ex-senadora Marina Silva (Rede) assumiu a cabeça-de-chapa e terminou a eleição presidencial em terceiro lugar, atrás de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB).
À época, a delegada da PF Andréa Pinho disse que o envolvimento de Campos não era o alvo da operação, mas que era possível afirmar que as campanhas dele foram “beneficiadas” pelas empresas investigadas. Neste mês, o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho, conhecido como João Lyra, assinou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).
Lyra é visto pela PF como intermediário de propina de empreiteiras para Campos. São investigados repasses da Camargo Corrêa e da OAS, que teriam origem em desvios praticados em obras da Petrobras em Pernambuco e na transposição do Rio São Francisco.
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)