Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Carta ao Leitor: a última palavra

Entre acertos e erros na presidência do STF, Dias Toffoli se imbuiu de uma missão: ser o moderador das instabilidades entre os poderes

Por Da Redação Atualizado em 12 ago 2019, 10h31 - Publicado em 9 ago 2019, 06h30

Uma das indicações mais controversas na recente história do Supremo Tribunal Federal (STF) certamente foi a do advogado José Antonio Dias Toffoli, na época com 41 anos. Jovem e com pouca experiência, Toffoli tinha laços históricos com o PT. Ele foi assessor jurídico da liderança do partido na Câmara dos Deputados, subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, subordinado ao então todo-poderoso ministro José Dirceu, advogado eleitoral da legenda e advogado-geral da União no segundo mandato do ex-presidente Lula de 2007 até 2009, quando se sagrou ministro do Supremo. Ao ter o nome escrutinado pelo Senado, garantiu que se desvinculava do governo que o indicara à Corte: “Meu compromisso é unicamente com a Constituição Federal. Minha atuação como advogado do PT é uma página que virou. Eu passo a ser um juiz dedicado à nação”.

Mais jovem ministro a assumir a presidência do STF, Dias Toffoli está completando agora um ano como coordenador dos trabalhos do Supremo. Entre acertos e erros no período, ele se imbuiu de uma missão: ser o moderador das instabilidades entre os poderes — um papel nada fácil diante das marés revoltas que engoliram a política brasileira. Até aqui, por sinal, Dias Toffoli tem se mantido firme, conseguindo se divorciar do clima de paixões incontroláveis. E, nesse meio-tempo, alguns fatos históricos aconteceram, entre eles a turbulência causada pela prisão do ex-presidente Lula e a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições. Na entrevista exclusiva que concedeu ao redator-chefe Policarpo Junior e à repórter Laryssa Borges, Dias Toffoli confirma, sem revelar detalhes, um episódio perturbador: um movimento de militares, políticos e empresários para afastar o presidente Jair Bolsonaro. Uma costura nos bastidores conduzida pelo ministro desmantelou o risco de uma crise institucional entre abril e maio.

Diante da atual falta de bom-senso no meio político, o risco de turbulência permanece. Na condição de presidente do Supremo, Dias Toffoli elaborou uma ambiciosa pauta de votações com temas polêmicos para o segundo semestre. Estarão sob a análise dos onze ministros assuntos como a suspeição do ex-juiz Sergio Moro na Lava-Jato — e o consequente risco de se anularem importantes condenações no petrolão —, a legitimidade de órgãos de controle para repassar dados confidenciais de suspeitos a investigadores, além da legalidade da prisão imediata de réus condenados em segunda instância, que pode resultar na libertação de Lula. São assuntos de extrema importância para o país e que certamente alimentarão um clima de beligerância. Por essa razão, independentemente do veredicto em cada caso, vale lembrar as palavras de Rui Barbosa, patrono do direito brasileiro: “A alguém deve ficar o direito de errar por último, a alguém deve ficar o direito de decidir por último, de dizer alguma coisa que deva ser considerada como erro ou como verdade”. Goste-se ou não, a última palavra será sempre do STF — e é preciso respeitá-la.

Publicado em VEJA de 14 de agosto de 2019, edição nº 2647

OUÇA OS PODCASTS DE VEJA

Já ouviu o podcast “Funcionário da Semana”, que conta a trajetória de autoridades brasileiras? Dê “play” abaixo para ouvir a história, os atos e as polêmicas do ministro Dias Toffoli. Confira também os outros episódios aqui.

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.