Brasil piora em ranking global sobre percepção da corrupção
Segundo Transparência Internacional, resultado se deve à percepção de que fatores estruturais que favorecem crimes permanecem intocados
O Brasil caiu 17 posições no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), o índice mais utilizado no mundo. O país passou a ocupar a 96ª colocação no ranking global, contra a posição de número 79 da pesquisa anterior. O índice brasileiro caiu três pontos, de 40 para 37 numa escala que vai de 0 a 100 — em que zero significa alta percepção de corrupção e 100, elevada percepção de integridade.
O índice foi divulgado globalmente nesta quarta-feira (21) pela Transparência Internacional. Com a nota da pesquisa de 2017, o Brasil se encontra na pior situação dos últimos cinco anos.
Segundo a entidade, a trajetória de queda observada nos últimos anos pode ser explicada pelos efeitos da Lava Jato e outras grandes operações que denotam um esforço do país em enfrentar o problema.
A piora no ranking se deve também à percepção de que os fatores estruturais da corrupção nacional seguem inabalados, tendo em vista que o Brasil não foi capaz de fazer avançar medidas para atacar de maneira sistêmica esse problema.
Desde 2014, o IPC brasileiro vem caindo. O país também piorou sua posição relativa a outras nações em desenvolvimento. Entre os Brics (que reúne Brasil, Índia e China), por exemplo, o Brasil está em posição melhor apenas que a da Rússia, que somou 29 pontos. “O resultado negativo deste ano acende o alerta de que a luta da sociedade brasileira contra a corrupção pode, de fato, estar em risco”, avaliou a Transparência Internacional.
Hoje, o país está empatado com a Colômbia, Indonésia, o Panamá, Peru, a Tailândia e Zâmbia, e fica atrás de países como o Timor Leste, Sri Lanka, Burkina Faso, Ruanda e Arábia Saudita. Sobre a posição relativa no ranking, apenas a Libéria e o Bahrein mostraram recuo maior que o do Brasil, de 32 e 33 posições, respectivamente.
Corrupção contínua
Para Bruno Brandão, representante da Transparência Internacional no Brasil, não houve, em 2017, qualquer resposta ao problema. “Ao contrário, a velha política que se aferra ao poder sabota qualquer intento nesse sentido. Se as forças que querem estancar a sangria se mostram bastante unidas, a população se divide na polarização cada vez mais extremada do debate público, o que acaba anulando a pressão social e agravando ainda mais a situação”.
Para a Transparência Internacional, qualquer nota menor de que 50 no IPC mostra que o país está falhando em lidar com a corrupção. Em 2017, 81 países demonstraram melhora em sua pontuação, ao passo que 33 ficaram estáveis. Sofreram piora em suas notas 62 países, inclusive o Brasil.
Uma análise mais aprofundada dos resultados do índice mostra que os países com os mais baixos índices de proteção à imprensa e à atuação de organizações não governamentais (ONGs) tendem a ter as piores taxas de percepção da corrupção.
(com Agência Brasil)