Morre pai de refém do EI que fez apelo pela vida do filho
A família de Paul Cantlie, de 81 anos, estava tentando entrar em contato com o britânico sequestrado antes de divulgar publicamente a notícia da morte
Paul Cantlie, pai do fotojornalista britânico John Cantlie, sequestrado pelos terroristas do Estado Islâmico (EI), morreu nesta semana de complicações ligadas a uma pneumonia. De acordo com o jornal The Guardian, a família esperou para divulgar a notícia da morte porque estava tentando encontrar meios de informar John sobre o falecimento. Paul ficou conhecido por ter gravado em vídeo um pedido para que os extremistas poupassem a vida do filho. Deitado em uma cama de hospital e com dificuldades para falar, por ter sido submetido a uma cirurgia na garganta, ele dizia aos jihadistas que o filho era um “bom homem” que só estava tentando “ajudar a população síria”.
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Os terroristas, no entanto, não deram nenhum sinal de que a mensagem foi recebida. “Paul morreu sem saber se os sequestradores de John receberam alguma das mensagens que ele havia enviado”, afirmou a família, por meio de um comunicado. “O fracasso nas comunicações levou a um inevitável sentimento de abandono, particularmente por parte do pai de John”, diz a nota. Os familiares acrescentaram que a força física de Paul, de 81 anos, vinha se deteriorando desde o sequestro do filho, ocorrido há dois anos.
Outra preocupação que acompanhou Paul em seu leito de morte dizia respeito à relutância do governo britânico de intervir contra o regime sírio do ditador Bashar Assad. Um arquiteto naval aposentado, Paul também era pai de outros dois filhos. A família destacou que o britânico será lembrado por eles por sua coragem, inteligência, generosidade e humor sarcástico. “Ao passo que a vida foi se tornando mais difícil, essas qualidades se mostraram ainda mais vigorosas. Ele será visto como uma fortaleza na luta para enfrentar a dura realidade exposta a toda a família.”
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Filho mais novo de Paul, John Cantlie, de 43 anos de idade, é jornalista freelance e foi levado quando fazia reportagens no norte da Síria, em novembro de 2012. Ele já apareceu em três vídeos divulgados pelo grupo terrorista. Como uma espécie de porta-voz, ele repete o discurso terrorista condenando as potências que estão lançando ataques contra o EI, apresentando-se como “o cidadão britânico abandonado por seu governo”. Os jihadistas já divulgaram vídeos com a decapitação de quatro estrangeiros, os americanos James Foley e Steven Sotloff, e os britânicos David Haines e Alan Henning.