Aécio: ‘O governo tem que escolher de que lado está’
Comitiva com senadores brasileiros retornou ao país e cobrou posicionamento do Planalto depois de ter sido impedida de visitar presos políticos na Venezuela de Nicolás Maduro
O senador Aécio Neves (PSDB-SP) cobrou um posicionamento claro do Planalto contra o governo venezuelano depois que uma comitiva de parlamentares brasileiros foi impedida de visitar presos políticos em Caracas. “O governo brasileiro tem que escolher de que lado está: se da democracia, de seus representantes, ou se está do lado do autoritarismo”, afirmou o político tucano ao desembarcar na Base Aérea de Brasília pouco depois da meia-noite desta sexta.
Encurralada por bloqueios feitos pelo governo bolivariano de Nicolás Maduro nas estradas que ligam o aeroporto Simón Bolívar à penitenciária militar de Ramo Verde, onde o opositor Leopoldo López está preso, a comitiva de senadores brasileiros decidiu desistir da visita e embarcar de volta para o Brasil. “Se alguma dúvida ainda existia em relação à escalada autoritária da Venezuela, nós voltamos de lá sem dúvida alguma”, declarou Aécio. Além do tucano, o grupo era formado pelos senadores Aloysio Nunes (PSDB), Ronaldo Caiado (DEM), Cássio Cunha Lima (PSDB), José Medeiros (PPS), Agripino Maia (DEM), Ricardo Ferraço (PMDB) e Sérgio Petecão (PSD).
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Na noite de quinta, o Itamaraty divulgou uma nota em que lamenta o ocorrido e classifica de “inaceitáveis atos hostis” os protestos que bloquearam o avanço do micro-ônibus da comitiva. O comunicado também diz que Brasília vai solicitar os “devidos esclarecimentos” ao governo venezuelano.
Bloqueios e protestos – Na primeira tentativa de chegar à prisão de Caracas, o veículo em que viajavam os políticos brasileiros ficou preso no trânsito engarrafado devido, segundo a versão das autoridades, a “obras de manutenção” que o governo venezuelano resolveu fazer justamente nesta quinta. Manifestantes chavistas aproveitaram a oportunidade para cercar o micro-ônibus e intimidar os senadores entoando gritos de guerra como “Chávez não morreu, se multiplicou” e “Fora, fora”. Segundo Caiado, o veículo foi apedrejado por partidários de Maduro. Quando finalmente conseguiram retornar ao aeroporto, os políticos foram impedidos de entrar no local onde estava o avião da FAB que os aguardava porque o terminal havia sido fechado.
Os senadores tentaram por uma segunda vez ir até o presídio, mas o túnel de acesso na estrada continuava fechado. As autoridades justificaram o bloqueio dizendo que a passagem estava sendo “lavada”, disse Aloysio Nunes. “Esse episódio vai gerar profundos desdobramentos na relação Brasil e Venezuela”, declarou Caiado. Em vista dos incidentes, a Câmara aprovou uma moção de repúdio contra os protestos que bloquearam a passagem da delegação brasileira.
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Histórico autoritário – Esta não é a primeira vez que políticos estrangeiros passam por apuros na Venezuela. Os ex-presidentes de Colômbia e Bolívia, Andrés Pastrana e Jorge Quiroga, conseguiram chegar ao presídio de Ramo Verde, mas foram impedidos de visitar Leopoldo López. Na semana passada, o ex-primeiro-ministro da Espanha, Felipe González, teve de se retirar de Caracas após o governo bolivariano negar todas as suas solicitações para amparar os presos políticos judicialmente. Por meio do Twitter, o governador do Estado de Miranda e candidato presidencial nas últimas eleições, Henrique Capriles, classificou o episódio como uma “vergonha”.
(Da redação)