Dois homens ligados a políticos de oposição são assassinados na Venezuela
Apesar das conexões das vítimas, autoridades estão tratando mortes como crime comum
As forças policiais da Venezuela informaram que encontraram os corpos de dois ciclistas no Parque Nacional Waraira, uma conhecida zona turística na região de Caracas. O crime chamou a atenção pela identidade das vítimas: Luis Daniel Gómez, de 36 anos, irmão de criação de Leopoldo López, o dirigente opositor que está preso desde fevereiro, e Gustavo Giménez, irmão da ex-mulher de Carlos Ocáriz, prefeito de Sucre e membro da mesma sigla de López. Giménez também é primo do presidente das Empresas Polar, Lorenzo Mendoza, que comanda o maior grupo privado do país.
Os dois homens haviam desaparecido no sábado. Segundo declarações de parentes e amigos, eles costumavam frequentar o parque para praticar mountain bike. Apesar das conexões políticas e pessoais das vítimas, até o momento a polícia está tratando o caso como um crime comum.
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Um policial contou ao jornal El Nacional que sequestradores chegaram a contatar parentes próximos das vítimas para exigir um resgate, mas nenhum valor foi pago porque não foi mostrada nenhuma prova de vida para atestar que eles estavam bem. No dia seguinte, os corpos foram encontrados. Ambos levaram tiros na cabeça, segundo a imprensa venezuelana.
O sequestro relâmpago é bastante comum em Caracas. Muitas vezes as vítimas são até de classes pobres e o pagamento é feito até com eletrodomésticos. A capital também possui alguns dos piores índices de criminalidade mundo.
Políticos da oposição reagiram à tragédia cobrando mais ação do governo no combate ao crime. “É lamentável a perda de Luis Daniel Gómez e de Gustavo Giménez, o que comove toda a Venezuela. Nossos mais sentidos pêsames a seus familiares e amigos”, escreveu no Twitter o prefeito de Caracas, o opositor Antonio Ledezma.
Já a Vontade Popular, partido liderado por López, exigiu “uma investigação exaustiva do assassinato” de Gómez. “Sinto uma dor imensa na alma. Gustavo era dos bons! Até quando vai esta guerra (…). Chega de violência, por Deus!”, escreveu o prefeito Carlos Ocáriz no Twitter.
As Nações Unidas apontaram que em 2010 a Venezuela registrou uma taxa de 45,1 homicídios por 100.000 habitantes. Naquele ano foram registrados mais de 13.000 assassinatos em todo o país. Já o ONG Observatório Venezuelano da Violência indica que os números são ainda piores, e que em 2013 foram registrados 79 homicídios por 100.000 habitantes. Para efeito de comparação. A taxa brasileira em 2012 foi 24,3, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
E a violência não tem dado trégua no país. Horas depois do anúncio do assassinato dos ciclistas, foi a vez de criminosos sequestrarem uma jornalista. Segundo a imprensa venezuelana, a vítima foi Nairobi Pinto, chefe dos correspondentes do canal de notícias 24 horas. Ela foi levada por quatro pessoas nas proximidades de sua casa em Los Chaguaramos, uma região próxima ao campus da Universidade Central da Venezuela (UCV).
(Com agência France-Presse)