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Descontração, paquera e cerveja: quando os militares levam a vida na esportiva

Troca de experiências e de olhares longe dos comandos mostra que, sem a farda, atletas das forças armadas do mundo todo têm muito em comum

Por Flávia Ribeiro, do Rio de Janeiro
23 jul 2011, 09h48

“Os cavaleiros têm uma longevidade maior do que a dos atletas da maioria dos esportes, encontram-se em competições mundo afora durante muitos anos. Acabam virando uma grande família”, diz o técnico de hipismo de Luxemburgo, André Diederich

Logo na entrada da Vila Verde dos Jogos Mundiais Militares, em Deodoro, um grupo de jogadoras de futebol da França batia uma bolinha numa rua, em frente ao seu prédio. Um pouco mais à direita, um jogador de futebol e dois rapazes do atletismo do Quênia, todos soldados do Exército, miravam um grupo de atletas do Suriname, meninas de longas tranças afro e unhas pintadíssimas. “As meninas do Suriname são as mais lindas. Elas são maravilhosas”, repetia Geoffrey Kokoyo, 27 anos, corredor de 100m rasos. Diante da concordância do jogador de futebol Kevin Ouma, de 26, Geoffrey logo reclamou: “Você é casado, só eu posso olhar!”.

O clima da vila dos atletas é igual ao de qualquer lugar com muita gente jovem reunida: bate-papo, azaração e momentos para relaxar tomando uma cerveja no quiosque montado perto da sala de televisão – e longe da rigidez da hierarquia militar. Era diante de latinhas de cerveja que atletas da França e de Luxemburgo estavam confraternizando no início da noite de ontem. “Os cavaleiros têm uma longevidade maior do que a dos atletas da maioria dos esportes, encontram-se em competições mundo afora durante muitos anos. Acabam virando uma grande família”, lembrava o técnico de hipismo de Luxemburgo, André Diederich, que também esteve em todas as quatro edições anteriores dos Jogos Mundiais Militares: “Essa está bem grande. O único problema foi uma certa desorganização no início, principalmente em relação a transporte. Ficamos muito tempo esperando deslocamentos”, avalia.

André estava rodeado pelo cavaleiro Marcel Ewen, os maratonistas Patrick Majerus e Dany Papi, de Luxemburgo, e pelos cavaleiros franceses Didier Schauly e Benjamin Courtat, ouvindo o show de música ao vivo que acontecia na praça da vila. “Eu me sinto participando das Olimpíadas, esse é o clima aqui na vila”, diz Courtat, 32 anos, lembrando que é militar da Cavalaria francesa em primeiro lugar, atleta depois. Courtat e Schauly têm passeado bastante pelo Rio, principalmente pelas instalações dos jogos, onde vão para torcer pelos atletas franceses de outros esportes. Na segunda-feira, por exemplo, estavam no jogo de futebol feminino. E já conseguiram tempo para fazer turismo, aproveitando o calor do inverno carioca para tomar sol na praia de Copacabana. “Fiquei muito impressionando com a imagem do Cristo, que vi no caminho para a praia”, comenta.

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Copacabana também foi o destino turístico das meninas do futebol da seleção holandesa. A soldado Nathalie Donkersloot, de 26 anos, não poderia estar mais feliz com o clima carioca. “Na Holanda, é verão atualmente e a temperatura deve estar em torno de 17°C. Aqui, no inverno, eu fui à praia”, espanta-se. Nathalie se contundiu na partida contra os Estados Unidos, por isso estava de papo com seu técnico enquanto, ao fundo, suas companheiras faziam um trabalho de alongamento, mostrando que a preparação física não para nem quando os atletas chegam à vila. Mais tarde, todas estariam liberadas para descansar e confraternizar. “Aqui tem muita paquera. Não importa se é militar ou não. Quando tem muitos jovens reunidos é sempre assim”, diz Nathalie, com um enorme sorriso.

Alguns atletas, no entanto, não se desligam do esporte por nem um minuto. Na sala de TV, a programação consiste em buscar informações sobre a competição. Brasileiros, chineses, franceses, americanos, todos vidrados na tela, de olho em lances e resultados. O brasileiro Lutimar Abreu, 22 anos, corredor dos 800m, era dos mais concentrados. “Minha prova é só amanhã, não tenho tempo para brincar. Depois de correr, sim, vou relaxar”, afirmou, jurando que não vai se envolver em paqueras: “Eu sou noivo”, avisa. Por perto, um grupo de franceses estava de olho não no telão da TV, mas na telinha de seus laptops, trocando e-mails com familiares e parentes.

Numa quadra ao lado da salinha de TV, as seleções de futebol de Trinidad e Tobago e do Suriname se revezavam em peladas sucessivas. “Mais cedo, jogamos contra a seleção do Uruguai. A gente não larga a bola nem na hora de folga”, ria Derrick Garden, 32 anos, do Suriname: “Mas a gente conhece pessoas novas também, isso é o mais legal. Fiz amizade com o pessoal da Holanda, porque nós falamos a mesma língua. E com o pessoal do Brasil também, porque mesmo sem falar a língua eles são muito simpáticos, se esforçam para fazer amizade com todos”, diz. A julgar pela animação das meninas do futebol brasileiro, Derrick não poderia estar mais certo. Lideradas por Maicon, eram as únicas que dançavam na praça. Mas a alegria durou pouco: logo, foram chamadas pela comissão técnica para uma preleção. Às 19h30, não se via mais ninguém dançando na praça, mas o bate-papo parecia cada vez mais animado.

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