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Paolo Sorrentino soterra boas ideias com excessos em ‘Youth’

Michael Caine pode levar o prêmio de melhor ator como um maestro aposentado

Por Mariane Morisawa, de Cannes
20 Maio 2015, 18h14
Youth
Youth (VEJA)

Paolo Sorrentino chegou ao 68º Festival de Cannes como um dos candidatos mais fortes à Palma de Ouro. Mas Youth (‘Juventude’, na tradução direta), exibido em sessão de imprensa na manhã desta quarta-feira, foi um tanto decepcionante, a não ser pela interpretação fenomenal de Michael Caine, forte candidato ao prêmio de melhor ator. Alguns jornalistas chegaram a vaiar o filme, em meio a aplausos.

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Há momentos belos nas férias dos amigos Fred Ballinger (Michael Caine) e Mick Boyle (Harvey Keitel), que se aproximam dos 80 anos de idade, num spa na Suíça. Fred é um maestro e compositor famoso principalmente por causa de uma obra, as Canções Simples. Ele está aposentado e se recusa a voltar a conduzir uma orquestra, mesmo que para a rainha da Inglaterra. Mick é um roteirista e cineasta americano ainda em plena atividade, que usa o refúgio para finalizar o que espera ser seu filme-testamento. Por meio dos dois personagens, Sorrentino (prêmio do júri com Il Divo em 2008) discute passado e futuro, ressentimentos e arrependimentos. O diretor se detém sobre os corpos, velhos e jovens, em belos momentos.

A história central é forte, com os dois amigos trocando impressões sobre vida, juventude, arte, mulheres, enquanto observam com humor outros hóspedes. Youth é também uma reflexão sobre a decadência na arte – Fred parou antes de enfrentá-la, por questões pessoais, e Mick persiste. O problema é que Sorrentino lota o filme de imagens e personagens que não têm relevância, perdendo o foco e contribuindo para uma certa irregularidade. Por exemplo, ele usa repetidamente shows musicais bizarros, que lembram muito as festas de A Grande Beleza, vencedor em 2014 do Oscar e do Globo de Ouro de produção em língua estrangeira.

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O personagem de Paul Dano, o jovem ator Jimmy Tree, também não tem função a não ser reiterar o que já está dito. Verdade que o Maradona gordo e sem fôlego, saudoso do passado, rende boas cenas. Sorrentino também não abandona um certo cinismo que não cabe em todos os momentos, especialmente nesta história. Apesar de ter suas qualidades, Youth não é bom o suficiente para uma Palma de Ouro.

Logo em seguida à exibição, na coletiva de imprensa do longa, Michael Caine foi a grande atração. Indagado por que não tinha retornado a Cannes em 50 anos, ele respondeu: “Vim com um filme chamado Alfie – Como Conquistar as Mulheres. Alfie foi premiado, eu, não, então nunca voltei. Mas amo tanto Youth que iria a qualquer lugar com ele. Não me importo se não ganhar prêmio”.

O ator, que tem um título de Sir concedido pela Rainha Elizabeth II, contou sobre sua experiência com ela, provocando gargalhadas. “A rainha disse: ‘Acho que você tem feito o que faz há muito tempo’. Eu quase respondi: ‘Você também’. Mas achei melhor calar a boca, vai que ela usa aquela espada para me decapitar!”

Sobre uma cena em que a Miss Universo (Madalina Ghenea) entra sem roupa na mesma banheira em que Fred e Mick estão (a foto está no pôster), Caine mandou: “Eles veem a juventude que nunca mais vão ter. E isso é triste”. Depois de alguns segundos, emendou: “O pôster do filme me faz chorar”.

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https://www.youtube.com/embed/L8e8S-4E7lY
‘Il Racconto dei Racconti’, de Matteo Garrone

Depois de estourar com Gomorrah e Reality, o diretor italiano volta-se para os contos de fadas, adaptando histórias de Giambattista Basile (1566-1632), que reuniu algumas das primeiras versões de Rapunzel e Cinderela. No elenco, Salma Hayek, Vincent Cassel e John C. Reilly. É o primeiro filme do cineasta falado inglês.

The Lobster
The Lobster (VEJA)

https://www.youtube.com/embed/ZvOnxL2pKbI
‘Irrational Man’, de Woody Allen

Emma Stone faz seu segundo trabalho em sequência com o veterano diretor nova-iorquino, com quem já rodou Magia ao Luar (2014). Ela é a estudante por quem um professor de filosofia em crise existencial (Joaquin Phoenix) se apaixona, encontrando propósito na vida. O longa-metragem foi rodado na pitoresca Newport, no Estado de Rhode Island. 

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‘Mia Madre’, de Nanni Moretti

O italiano Nanni Moretti gosta de usar elementos autobiográficos. Em Mia Madre, usa a experiência de perder sua mãe durante as filmagens de Habemus Papam (2011) como a inspiração para a cineasta Margherita (Margherita Buy), que tenta levar adiante seu longa de fundo político enquanto cuida da mãe e lida com um astro complicado (vivido por John Turturro).  

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‘Carol’, de Todd Haynes

Baseado em um romance de Patricia Highsmith, mostra a história da jovem Therese (Rooney Mara) que se apaixona por Carol, uma mulher casada e mais velha (Cate Blanchett), na Nova York dos anos 1950. Kyle Chandler (Bloodline) interpreta o marido de Carol. Entre Eu Não Estou Lá (2007) e Carol, Todd Haynes fez a minissérie Mildred Pierce

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Sicario
Sicario (VEJA)

https://www.youtube.com/embed/1GgzyyzY7ts
‘Youth’, de Paolo Sorrentino

Em seu segundo filme falado em inglês – o primeiro foi Aqui É o Meu Lugar, com Sean Penn –, o italiano Paolo Sorrentino mostra dois velhos amigos, o compositor e maestro Fred (Michael Caine) e o cineasta Mick (Harvey Keitel), em férias num hotel nos Alpes. Paul Dano, Jane Fonda e Rachel Weisz também estão no elenco. 

Love
Love (VEJA)

Macbeth
Macbeth (VEJA)

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