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Com ‘Carol’, Cate Blanchett entra forte na disputa de melhor atriz

Atriz australiana faturou o Oscar no ano passado por “Blue Jasmine”, de Woody Allen, e agora desponta como favorita em Cannes no papel de socialite

Por Mariane Morisawa, de Cannes
16 Maio 2015, 20h30

Cate Blanchett ganhou o Oscar no ano passado por “Blue Jasmine”, de Woody Allen. Faltando nove meses para a próxima cerimônia, pode-se dizer que entrou na corrida novamente para a cerimônia do ano que vem por “Carol”, de Todd Haynes, exibido na noite deste sábado, em sessão de imprensa, dentro da competição do 68º Festival de Cannes. A australiana, claro, também virou favorita na disputa pelo prêmio de atuação feminina em Cannes.

Junto com o marido Andrew Upton, Cate Blanchett produz “Carol”, que representa a volta ao cinema de Haynes, depois de oito anos. O cineasta se baseou numa obra de Patricia Highsmith (editada no Brasil pela L&PM) e retornou novamente ao passado como forma de levantar um espelho para a sociedade de hoje – Haynes ambientou “Velvet Goldmine” nos anos 1970, “Longe do Paraíso” nos 1950, “Eu Não Estou Lá”, nos 1960, e a série “Mildred Pearce”, nos 1930. “Carol” se passa no início da década 1950, quando Therese (Rooney Mara), balconista de uma loja de departamentos, encanta-se pela socialite Carol (Cate Blanchett), que, como manda o figurino da época (e, sim, muitas vezes da atualidade), é casada e tem uma filha, mesmo sabendo-se homossexual. O romance entre as duas não é intempestivo. É calmo, cuidadoso, mas inevitável.

Haynes filma tudo com extrema elegância, movimentos de câmera suaves e enquadramentos bonitos, que mostram muitas vezes o sufocamento das duas em cumprir os papéis que lhe foram atribuídos. Muitas vezes, Carol e Therese aparecem em imagens pouco nítidas, que representam véus simbólicos a esconder quem verdadeiramente são. Mesmo a cena de sexo, quando acontece, é feita com bom gosto. Rooney Mara está excelente no papel da frágil e curiosa Therese, enquanto o econômico elenco de apoio faz milagre em poucas cenas, especialmente Sarah Paulson como melhor amiga e ex-amante de Carol e Kyle Chandler como o marido de Carol. Mas é duro concorrer com Cate Blanchett, nada menos que brilhante. Mesmo que a competição esteja boa este ano, é difícil pensar que “Carol” vai sair sem nenhum troféu.

Lágrimas – A manhã deste sábado foi de emoção no 68º Festival de Cannes. A culpa é de Nanni Moretti e seu “Mia Madre” (“minha mãe”, na tradução direta), que disputa a Palma de Ouro, e do documentário “Amy”, de Asif Kapadia, exibido na seção Midnight Screenings.

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Nanni Moretti retoma seu cinema mais autobiográfico com “Mia Madre”, sobre uma cineasta (Margherita Buy) que lida com a doença da mãe enquanto faz um novo filme – Moretti perdeu a sua durante as filmagens de “Habemus Papam” (2011). No set, precisa lidar com um ator americano problemático (John Turturro, excelente como alívio cômico). O diretor italiano, que levou a Palma de Ouro com “O Quarto do Filho” em 2001, equilibra bem o drama e a comédia, emocionando sem cair na pieguice. O filme parece quase um mea culpa do cineasta. Margherita é seu alter ego, uma mulher descrita como difícil de se aproximar, alguém que não ouve os outros e com quem é quase impossível argumentar.

“Amy”, exibido fora de competição nas Midnight Sessions, é um mergulho sensível na vida e na carreira da cantora Amy Winehouse, dirigido por Asif Kapadia. Como em “Senna” (2010), seu documentário anterior, o diretor reúne um material de arquivo impressionante, começando por uma Amy adolescente, com carinha de menina, arrasando no “Parabéns a Você” para uma amiga. As entrevistas novas ficam sempre em off, sobre as imagens de arquivo, que compõem um painel da personalidade frágil da cantora, de suas escolhas, os problemas com a fama e a falta de apoio para se livrar dos vícios em drogas e álcool e da bulimia. Dá para entender por que a família, que de início apoiou o filme, retirou sua chancela: a mãe aparece como ausente e sem pulso, o pai, como oportunista. Há momentos preciosos, como quando mostra uma Amy Winehouse de olhos arregalados nos bastidores do Grammy antes de ser anunciada como a vencedora por um de seus ídolos, Tony Bennett.

Já “The Sea of Trees” (“o mar de árvores”, na tradução direta), de Gus Van Sant, exibido em sessão de imprensa na sexta à noite, só provocou vaias. É a maior decepção do Festival de Cannes até aqui. O americano, que levou o prêmio de direção e a Palma de Ouro por “Elefante” (2003), perde-se nos clichês do roteiro de Chris Sparling sobre Arthur (Matthew McConaughey), que vai Aokigahara, conhecida como “floresta dos suicidas” ou “mar de árvores”. Ali, encontra Takumi (Ken Watanabe). Os dois acabam se juntando para tentar sobreviver. “É uma jornada sobrenatural pelo purgatório”, disse McConaughey na coletiva de imprensa. Flashbacks explicam a presença de Arthur naquele lugar, mostrando a crise no relacionamento com sua mulher Joan (Naomi Watts). O cineasta disse que leu apenas uma crítica negativa. “Soube o que iríamos enfrentar. Mas depois fiquei nervoso”, contou. Para McConaughey, “todo o mundo tem direito de vaiar, tanto quanto de aplaudir”.

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