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‘Dheepan’, de Jacques Audiard, enfim coloca a França na disputa

Cineasta ousa ao mostrar a chegada de refugiados da guerra civil do Sri Lanka à França

Por Mariane Morisawa, de Cannes
21 Maio 2015, 17h45
Cena de 'Dheepan', de Jacques Audiard, o melhor filme francês do Festival de Cannes 2015
Cena de ‘Dheepan’, de Jacques Audiard, o melhor filme francês do Festival de Cannes 2015 (VEJA)

Jacques Audiard salvou o cinema francês de uma participação vexatória na competição do 68º Festival de Cannes, com Dheepan, exibido na manhã desta quinta-feira em sessão para a imprensa. Tanto que vai ser difícil deixar o filme de fora da premiação. Os longas anteriores do cineasta, como De Tanto Bater, Meu Coração Parou (2005), Um Profeta (Grande Prêmio do Júri em Cannes em 2009) e Ferrugem e Osso (2012), têm pulsão, energia, histórias à flor da pele. Não é diferente com Dheepan, um thriller dramático vívido e provocador – no bom sentido.

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A história começa em 2009, com o fim da guerra civil de 30 anos no Sri Lanka, em que o grupo chamado Tigres Tâmeis queria separar o país. Os rebeldes, entre eles Dheepan (Jesuthasan Antonythasan), enterram seus mortos e tentam escapar. Para ele, a única saída é usar um passaporte e uma família falsos, formada por Yalini (Kalieaswari Srinivasan) e a menina órfã Illayaal (Claudine Vinasithamby). Os três desembarcam na França, onde o falso casal arruma emprego como zelador e empregada no mesmo condomínio de habitação popular em que vive. O lugar é o mais barra-pesada possível em um país como a França: traficantes dominam os telhados e a entrada dos edifícios. Para piorar, a volta do criminoso Brahim (Vincent Rottiers) depois de um período na prisão afeta o equilíbrio do condomínio, com consequências desastrosas.

Disposto a enterrar o passado que o assombra, Dheepan tenta se encaixar. Mas talvez não possa, não completamente. A violência que foi treinado a usar desde pequeno pode estar a um clique de distância, ainda mais quando Yalini e Illayaal começam a se tornar o seu núcleo familiar, e ele volta a ter uma razão para lutar. Audiard é econômico, consegue resumir em uma cena todo um contexto. Depois de receberem seus passaportes falsos, veem-se luzes coloridas piscando no escuro. É Dheepan, tentando sobreviver nos primeiros dias na França como vendedor ambulante.

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O cineasta também ousa ao colocar imigrantes recentes, de um país distante, personagens que não são brancos, como protagonistas do filme, em um momento em que imigração e refugiados são grandes questões na Europa. Só que isso não está refletido no cinema do continente – os outros concorrentes franceses exibidos até agora falam de amor obsessivo (Mon Roi), amor impossível (Marguerite & Julien) e crise para a classe média branca (La Loi de Marché). Audiard também evita o clichê do imigrante coitadinho. Dheepan sofre, mas não sofre quieto.

https://youtube.com/watch?v=jjK9TcDSoFU

The Assassin O cinema do chinês criado em Taiwan Hou Hsiao-hsien, que volta a lançar um longa-metragem depois de oito anos, não é para quem está cansado ou com sono. Mesmo The Assassin (“A assassina”, em tradução direta), seu filme de artes marciais, obedece ao mesmo ritmo lento e poético do diretor. Com poucos diálogos, a história é difícil de seguir em princípio, apesar de simples: Nie Ynniang, filha de um general, é raptada quando criança e treinada para ser uma assassina. Treze anos mais tarde, é enviada à sua terra natal para matar seu primo, o homem a quem estava prometida.

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Com figurinos deslumbrantes e cenários luxuosos, não se trata de um filme de artes marciais comum. Quase não há cenas de luta, as que existem não têm gente voando e muitas vezes são filmadas de longe. O interesse do cineasta não está nelas, que são o ponto fraco do filme. O que faz The Assassin excepcional é o olhar do diretor e sua predileção para a beleza, as lacunas, os silêncios, uma raridade mesmo no cinema de arte hoje em dia.

https://www.youtube.com/embed/L8e8S-4E7lY
‘Il Racconto dei Racconti’, de Matteo Garrone

Depois de estourar com Gomorrah e Reality, o diretor italiano volta-se para os contos de fadas, adaptando histórias de Giambattista Basile (1566-1632), que reuniu algumas das primeiras versões de Rapunzel e Cinderela. No elenco, Salma Hayek, Vincent Cassel e John C. Reilly. É o primeiro filme do cineasta falado inglês.

The Lobster
The Lobster (VEJA)

https://www.youtube.com/embed/ZvOnxL2pKbI
‘Irrational Man’, de Woody Allen

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Emma Stone faz seu segundo trabalho em sequência com o veterano diretor nova-iorquino, com quem já rodou Magia ao Luar (2014). Ela é a estudante por quem um professor de filosofia em crise existencial (Joaquin Phoenix) se apaixona, encontrando propósito na vida. O longa-metragem foi rodado na pitoresca Newport, no Estado de Rhode Island. 

https://www.youtube.com/embed/WE_2pZq5CFI
‘Mia Madre’, de Nanni Moretti

O italiano Nanni Moretti gosta de usar elementos autobiográficos. Em Mia Madre, usa a experiência de perder sua mãe durante as filmagens de Habemus Papam (2011) como a inspiração para a cineasta Margherita (Margherita Buy), que tenta levar adiante seu longa de fundo político enquanto cuida da mãe e lida com um astro complicado (vivido por John Turturro).  

https://www.youtube.com/embed/0P-gn9dZG7s
‘Carol’, de Todd Haynes

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Baseado em um romance de Patricia Highsmith, mostra a história da jovem Therese (Rooney Mara) que se apaixona por Carol, uma mulher casada e mais velha (Cate Blanchett), na Nova York dos anos 1950. Kyle Chandler (Bloodline) interpreta o marido de Carol. Entre Eu Não Estou Lá (2007) e Carol, Todd Haynes fez a minissérie Mildred Pierce

Sicario
Sicario (VEJA)

https://www.youtube.com/embed/1GgzyyzY7ts
‘Youth’, de Paolo Sorrentino

Em seu segundo filme falado em inglês – o primeiro foi Aqui É o Meu Lugar, com Sean Penn –, o italiano Paolo Sorrentino mostra dois velhos amigos, o compositor e maestro Fred (Michael Caine) e o cineasta Mick (Harvey Keitel), em férias num hotel nos Alpes. Paul Dano, Jane Fonda e Rachel Weisz também estão no elenco. 

Love
Love (VEJA)

Macbeth
Macbeth (VEJA)

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