Caso Bernardo: laudo aponta sedativo no corpo do menino
Peritos entregam resultado de exame positivo para droga tranquilizante. Documento não indica causa da morte do garoto, diz Polícia Civil
Peritos que investigam o assassinato do menino Bernardo Boldrini, de 11 anos, encontraram vestígios do sedativo Midazolam no corpo do garoto, morto no dia 4 de abril em Frederico Westphalen, no interior do Rio Grande do Sul. O Instituto Geral de Perícias (IGP) entregou à polícia nesta terça-feira um laudo preliminar que atesta a presença da substância no organismo do menino. O medicamento é usado como tranquilizante e indutor do sono.
Os peritos encontraram o medicamento por meio de testes específicos para sedativos feitos com reagentes químicos. A Polícia Civil disse que o laudo não indicou em qual parte do corpo a droga foi localizada – tampouco como o medicamento foi ministrado, se em formato de comprimidos ou solução injetável. A superdosagem de Midazolam pode causar depressão cardiorrespiratória, apneia e coma – em casos mais raros.
A delegada responsável pelo inquérito, Caroline Bamberg Machado, afirma que a madrasta de Bernardo, a enfermeira Graciele Ugulini Boldrini, e uma amiga dela, a assistente social Edelvânia Wirganovicz, mataram o menino. Em depoimento à polícia, Edelvânia disse que a madrasta tentou dopar o menino com sedativos quando eles saíram da casa da família em Três Passos (RS). Ela também afirmou que Graciele aplicou uma injeção letal no enteado, quando estavam na cidade vizinha. A presença do medicamento, constatada em exame laboratorial, confirma parte do depoimento de Edelvânia.
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A Polícia Civil avalia se pedirá a prorrogação da prisão temporária de ambas e do terceiro suspeito de participação no crime, o médico Leandro Boldrini, o pai do menino. Eles estão presos por determinação da Justiça. A defesa de Leandro Boldrini diz que ele é inocente. O advogado de Edelvânia sustenta que ela participou apenas da ocultação do cadáver – e não da execução. O defensor de Graciele diz que ela está muito abalada. A madrasta ainda não deu sua versão para o caso.
Os laudos entregues até o momento pelo IGP não relevaram a causa da morte de Bernardo. Os peritos já colheram material na cova onde o garoto foi enterrado. Um exame concluído na semana passada indicou que não havia resíduos de terra ou minerais na traqueia, na faringe e no pulmão do menino. Como ele foi enterrado em uma cova, envolto por um saco de tecido poroso, poderia ter aspirado o material caso ainda estivesse respirando – hipótese descartada pela polícia.