Comissão da Verdade terá acesso a informações militares
Apesar da afirmação, Celso Amorim não confirmou especificamente a possibilidade de abertura dos arquivos das Forças Armadas
O ministro da Defesa, Celso Amorim, disse nesta segunda-feira que o governo vai “facilitar” o acesso a todas as informações que forem pedidas pela recém criada Comissão Nacional da Verdade. Evasivo, Amorim não confirmou especificamente a possibilidade de abertura dos arquivos militares das Forças Armadas – acervo que concentra as mais importantes informações sobre violação de direitos humanos nos anos de chumbo. Ainda assim, garantiu que “tudo estará aberto”.
“Vamos facilitar todas as informações que nos forem pedidas e que possam ajudar nos trabalhos”, afirmou. “A lei diz que temos todo o dever de cooperar com a comissão. Quero reiterar o desejo e a disposição do Ministério da Defesa de cooperar e colaborar integralmente com os trabalhos da Comissão da Verdade. Os objetivos dela são muito importantes porque ela é o último capítulo da história democrática do Brasil”.
Embora Amorim esteja hierarquicamente no controle das Forças Armadas – imediatamente abaixo da presidente da República – setores militares temem que o colegiado instituído para apurar violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988 acabe por promover uma espécie de “revanchismo”. O Clube Naval, por exemplo, chegou a criar em março sua própria comissão para acompanhar os trabalhos da Comissão da Verdade e assessorar militares que possam ser chamados a prestar esclarecimentos.
Apesar de ainda não terem chegado a um consenso sobre o foco das investigações, integrantes da comissão também vieram a público defender que apenas os militares – e não guerrilheiros ou manifestantes de grupos de esquerda – fossem objeto dos trabalhos do colegiado.