Carandiru: réus começam a ser interrogados nesta 4ª
Júri dos 26 PMs acusados de participação no massacre entra no terceiro dia
O Tribunal do Júri ouvirá nesta quarta-feira o interrogatório de quatro dos 26 policiais militares que respondem pela morte de 15 detentos no massacre do antigo presídio do Carandiru, ocorrido em 1992, em São Paulo – e que, no total, deixou 111 mortos.
Os 26 réus do julgamento eram membros da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, a Rota. No massacre do Carandiru, eles foram responsáveis por retomar o controle do primeiro andar do pavilhão nove da antiga Casa de Detenção. No andar, morreram quinze presos após uma rebelião. Outros 53 PMs ainda respondem pelas 96 mortes que ocorreram nos outros andares do pavilhão – e devem ser julgados ainda neste ano.
Do grupo de 26 réus que estão sendo julgados nesta semana, pelo menos oito continuam fazendo parte da Polícia Militar, segundo o Ministério Público.
Segundo dia – Nesta terça-feira, foram ouvidas no julgamento as testemunhas convocadas pela defesa, entre elas o ex-governador Luiz Antônio Fleury. Ele negou que tenha dado a ordem para a PM entrar no presídio, mas classificou a ação policial como “necessária e legítima”.
Logo depois do ex-governador, o ex-secretário de Segurança Pedro Franco de Campos, que comandava a pasta no governo de Fleury, defendeu a ação da PM: “A necessidade de entrada da PM na Casa de Detenção era absolutamente incontestável”. Campos afirmou ainda que autorizou o coronel Ubiratan Guimarães – responsável pela operação – a entrar no pavilhão nove para conter a rebelião.
Antes de Fleury e Campos, outras três testemunhas da defesa foram ouvidas, entre elas Ivo de Almeida, que era juiz corregedor dos presídios na época da invasão – hoje, ele é desembargador. “Nos poucos momentos que eu tive acesso ao pátio, vi presos portando armas e objetos diversos”, disse, em uma versão que entra em choque com outras testemunhas, que afirmaram que os presos não portavam armas de fogo, e sim estiletes.
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