Carandiru: promotor exclui 21 mortes de acusação contra réus
Promotoria retirou a acusação pelas mortes de presos que estariam em outra área do andar invadido pela polícia
Na reta final da segunda fase do julgamento do Carandiru, a promotoria pediu a redução do número de mortes pelas quais respondem os 25 policiais militares que estão em julgamento desde segunda-feira. Antes, eles eram acusados pelas mortes de 73 presos do segundo andar do pavilhão nove, invadido pela polícia durante uma rebelião em 2 de outubro de 1992. Agora, a acusação será por 52 mortes.
Segundo afirmou o promotor Fernando Pereira no início da sessão do júri desta sexta-feira, os PMs “não foram os responsáveis por elas [as mortes].” Algumas das 21 vítimas excluídas da acusação estariam em uma área do andar onde os réus não estiveram. Outras teriam morrido por golpes de arma branca, o que indicaria assassinato entre os próprios presos.
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Segundo informações do Tribunal de Justiça, Pereira deu início à fase de debates no quinto, e possivelmente último, dia de júri. O promotor terá três horas para apresentar os argumentos da acusação e, em seguida, será a vez da defesa. Caso não haja réplica nem tréplica, após o debate os jurados vão para a sala secreta onde decidirão se os réus são culpados ou inocentes. De acordo com o cronograma do juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, a decisão deve ser anunciada entre a noite desta sexta-feira e a madrugada de sábado.
O massacre – Em 2 de outubro de 1992, cerca de 340 policiais invadiram o pavilhão nove do Carandiru para conter uma rebelião na Casa de Detenção de São Paulo, parte do complexo presidiário. O comandante da operação era o coronel Ubiratan Guimarães.
Tudo caminhava para que os mais de 2 000 detentos fossem dominados e tranquilizados, até que os batalhões de choque chegaram ao segundo andar do pavilhão, o foco da revolta. Então, passou-se meia hora de execuções à queima-roupa. Armados com revólveres, escopetas e metralhadoras, os policiais executaram 111 presos. Do lado da polícia, nenhuma baixa.
A reação imediata do governo foi atrasar a contagem dos corpos e tentar ludibriar a imprensa por algumas horas para não atrapalhar o resultado das eleições que se realizariam no dia seguinte.