Carandiru: jurados decidem nesta sexta destino de 25 PMs
Policiais respondem por 73 mortes de presos nesta fase do processo. No último dia previsto do segundo júri do massacre, defesa e acusação debatem para convencer os sete jurados, mas sentença só deve sair durante a madrugada
O julgamento dos 25 policiais militares acusados de matar 73 dos 111 presos no massacre do Carandiru chega ao quinto dia e, segundo a programação oficial, terminará nesta sexta-feira. O dia será dedicado aos debates entre a defesa e a acusação, que devem começar após o início da sessão, às 10 horas. Cada um dos lados vai dispor de três horas para expor seu ponto de vista. Em seguida, mais algumas horas serão disponibilizadas para a réplica e tréplica.
Após o fim dessa fase do processo, a segunda de quatro previstas, os sete jurados que acompanham o caso desde segunda-feira vão se reunir para chegar a um veredicto. De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo, a expectativa é que o resultado seja conhecido na madrugada de sexta para sábado.
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Nesta quinta-feira, o dia foi dedicado ao último interrogatório do caso. Num depoimento que durou mais de cinco horas, o tenente-coronel Salvador Modesto Madia contou sua versão dos acontecimento de 2 de outubro de 1992, quando a tropa invadiu o segundo andar (terceiro pavimento) do Pavilhão Nove do presídio. No local, morreram 73 presos. Madia também defendeu o batalhão da acusação de ter uma atuação truculenta. “As pessoas acham que cheguei em casa e tomei um copo de sangue depois do que aconteceu?”.
A exemplo de outros oficiais que foram interrogados na quarta-feira e na madrugada de quinta, ele disse que os PMs começaram a atirar após ouvirem estampidos e serem agredidos por presos. “Enquanto subia os lances de escada, ouvi disparos de armas de fogo. E cada vez mais o barulho dos tiros aumentava”, declarou Madia. Após o fim do interrogatório, os jurados passaram para a leitura de peças do processo.
Dada a grande quantidade de acusados, 79 policiais militares ao todo, a Justiça dividiu o processo do massacre do Carandiru em quatro fases. A primeira etapa terminou em abril deste ano, com 23 PMs sendo condenados a 156 anos de prisão cada um. Eles recorrem da decisão em liberdade.