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Black blocs espancaram homem acusado de furto

Colombiano que estava no 'Ocupa Câmara' a passeio, para conhecer o Rio, foi acusado de desaparecer com 500 reais. Vítima foi atendida no Hospital Souza Aguiar e registrou o caso na Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat) em setembro do ano passado

Por Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
18 fev 2014, 12h06

Com rostos cobertos, dispostos a depredar e invadir prédios públicos, os black blocs desprezam a lei. E agem segundo suas próprias regras, de acordo com as vontades que o momento indicar. Esse comportamento é, em vários momentos, rigorosamente idêntico ao dos justiceiros que prenderam um jovem a um poste com uma tranca de bicicleta, ou aos pistoleiros que executaram com um tiro na cabeça um homem acusado de roubo, na Baixada Fluminense. Um desses casos de “justiçamento” ficou registrado na Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat), em 28 de setembro do ano passado. O caso é espantoso: um colombiano que participava do “Ocupa Câmara” foi acusado pelos mascarados de ter furtado 500 reais. Um grupo, então, resolveu espancar o suspeito, que chegou ao Hospital Municipal Souza Aguiar com ferimentos no corpo e na cabeça.

O espancamento ocorreu durante a madrugada. A vítima, Júlio Cesar Guzmán Ferero, participava do protesto com cinco amigos, alguns deles também colombianos. E o que faziam colombianos no “Ocupa Câmara”, se não são afetados pelas mazelas – que são muitas – do Rio de Janeiro? A resposta poderia estar num exemplar alinhamento, ou na solidariedade de grupos de manifestantes dispostos a mudar os rumos da América Latina. Mas é mais simples que isso. E também menos nobre:

Na delegacia, o colombiano contou como chegou ao Ocupa Câmara. Ele disse que estava em São Paulo quando um homem identificado como Alexandre perguntou se ele gostaria de conhecer o Rio. Alexandre deu uma sugestão: Ferero e seus amigos, que tinham pouco ou nenhum dinheiro, poderiam ficar acampados no Ocupa Câmara. Na época, os ativistas protestavam pela saída do governador Sérgio Cabral e contra a presença de vereadores do PMDB, aliados do prefeito Eduardo Paes, na CPI dos Ônibus. Segundo Ferero, o homem, que teria “ideias antifascistas”, se comunicou com ativistas do Rio e pediu para que recebessem os colombianos. Assim, o grupo poderia ficar na cidade sem gastar com hospedagem e, em troca, aumentaria a adesão ao protesto.

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A temporada carioca de Ferero e seus amigos terminou quando os líderes da ocupação deram falta de 500 reais, dinheiro “coletivo” que estava guardado em uma das barracas. Ferero contou à polícia que uma parte do grupo começou a acusar os estrangeiros. Alguns deles foram revistados, mas o dinheiro não foi encontrado. De acordo com boletim de Deat, Ferero não permitiu a revista e foi expulso do local. Dois dias depois, ele voltou à Cinelândia. Alguns dos acampados o reconheceram e começou, então, a agressão.

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Testemunhas afirmam que Ferero reagiu, usando um pedaço de madeira, mas não conseguiu escapar. Ele foi socorrido por policiais militares, que o levaram para o Souza Aguiar, com ferimentos, escoriações e lesões na cabeça e nos braços. A reportagem do site de VEJA conseguiu localizar um email e um telefone que seriam de Ferero, na Colômbia, mas não obteve resposta.

Ao longo de dois meses de ocupação, não foram poucos os atos de radicalismo protagonizados pela turma do Ocupa Câmara. O grupo invadiu o Palácio Pedro Ernesto no dia 8 de agosto, mas foi retirado pela PM durante a madrugada do dia 9. Horas depois, cerca de 200 manifestantes retornaram e invadiram o gabinete do vereador da base governista Chiquinho Brazão (PMDB), que havia sido escolhido para presidir a CPI dos Ônibus. Paredes e fotos do peemedebista foram pichadas com frases como “Brazão, ladrão”. Com os corredores da Câmara tomados, vereadores da base governista ficaram acuados dentro do gabinete da presidência por quase duas horas.

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No dia 15 de agosto, data marcada para a primeira reunião da CPI dos Ônibus, manifestantes atiraram ovos e pedras contra parlamentares e hostilizaram jornalistas. Dois meses depois, o acampamento foi desfeito pela Polícia Militar, que deteve parte dos ativistas após um protesto no Centro do Rio. Na ocasião, mais de 200 ativistas foram levados à delegacia – 69 deles foram presos.

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