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Venezuelanos marcham contra suspensão do referendo revogatório

Segundo a ONG de defesa dos direitos humanos Foro Penal, ao menos 39 pessoas foram detidas e mais de 20 ficaram feridas durante as marchas

Por Daniela Macedo 26 out 2016, 20h20
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  • A população venezuelana saiu às ruas nesta quarta-feira contra a suspensão do referendo revogatório do presidente Nicolás Maduro. A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) convocou ainda uma greve geral de 12 horas para a próxima sexta-feira.

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    Ao final da marcha de centenas de milhares de pessoas, que ativistas estimaram em 1,2 milhão de manifestantes, os principais dirigentes da oposição anunciaram sua ofensiva para conseguir destituir Maduro, após a suspensão do referendo revogatório.

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    “No [dia] 3 de novembro (…) vamos notificar Nicolás Maduro que foi declarado pelo povo venezuelano em abandono do cargo. Vamos fazê-lo em manifestação pacífica que vai chegar ao palácio de Miraflores”, afirmou nesta quarta-feira, da tribuna, o presidente da Assembleia Nacional, de maioria opositora, Henry Ramos Allup. “Iniciamos o processo para declarar a responsabilidade política deste vagabundo que temos no Miraflores”, disse Ramos Allup.

    A Assembleia Nacional resolveu esta semana iniciar um procedimento para acusar Maduro de “abandono do cargo”, algo previsto na Constituição, quando o presidente deixa de exercer suas atribuições, e convocou o chefe de Estado a participar de uma sessão na próxima terça-feira.

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    Mais cedo nesta quarta-feira, Maduro instalou o Conselho de Defesa da Nação para avaliar o “golpe parlamentar” no país. Em seguida, dirigiu-se a milhares de seus seguidores, que se concentraram nos arredores do Palácio de Miraflores para apoiá-lo. “A Assembleia Nacional infelizmente tomou o caminho do desacato à Constituição”, disse Maduro aos manifestantes, criticando a ausência de Ramos Allup em uma reunião do Conselho de Defesa.

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    Prazo ao governo

    “Roubaram de nós o direito de votar e eu digo: se roubam nosso direito de votar, entramos em outra fase na Venezuela”, afirmou o líder opositor, Henrique Capriles, durante a marcha. “Hoje estamos dando um prazo ao governo. Eu digo ao covarde que está em Miraflores (…) que em 3 de novembro todo o povo venezuelano virá a Caracas porque vamos pro ‘Miraflores'”, advertiu Capriles.

    Vestidos em sua maioria com camisas brancas e bonés com a bandeira da Venezuela, vários manifestantes saíram de sete pontos de Caracas e se encontraram na autoestrada Francisco Fajardo (leste), tomada pela multidão. Os participantes carregavam cartazes escritos à mão. “Não vamos nos render. Revogatório já”.

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    Klenia Campos, engenheira informática de 41 anos, disse que a marcha “é uma medida de pressão para que (Maduro) entenda que precisa ir embora. Tanta passividade não dá mais, temos que fazer mais pressão”.

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    “O povo saiu pacificamente, estamos na rua e acho que vamos ficar até que haja uma resposta deste governo que não respeita a Constituição e tem pavor do revogatório”, disse Victor Jiménez, relações públicas de 63 anos.

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    Em Caracas, a manifestação terminou sem incidentes, mas foram registrados confrontos em cidades de alguns estados, como Táchira, Mérida e Sucre.

    Segundo Alfredo Romero, diretor da ONG de defesa dos direitos humanos Foro Penal, ao menos 39 pessoas foram detidas e mais de 20 ficaram feridas durante as marchas desta quarta-feira. Em um post no Twitter, Romero reportou que as detenções ocorreram em cinco dos 24 estados do país, a maioria em Sucre, enquanto entre os 20 feridos, três foram baleados em Maracaibo, capital do estado de Zulia.

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    A chamada “Tomada da Venezuela” ocorre no que deveria ser o primeiro de três dias para a coleta de quatro milhões de assinaturas (20% do colégio eleitoral), último passo antes da convocação para referendo. Ao cumprir este requisito, a oposição queria evidenciar a rejeição majoritária ao governo de Maduro, que seis em cada dez venezuelanos está disposto a revogar, segundo a empresa de pesquisas Datanálisis.

    Mas o processo foi suspenso na semana passada por tribunais penais regionais, que acolheram denúncias de fraude apresentadas pelos governistas em uma primeira etapa da coleta de assinaturas. Em dezembro de 2015, a oposição venceu amplamente nas eleições legislativas e pela primeira vez em 17 anos de chavismo conquistou a maioria parlamentar.

    Diálogo

    Governo e oposição, que se acusam mutuamente de “golpismo”, exploram ao mesmo tempo a possibilidade de um diálogo com a mediação do Vaticano, em meio a uma aguda crise econômica que se traduz em escassez de alimentos e remédios e uma inflação calculada pelo FMI em 475% para este ano.

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    Cogitado para domingo em Ilha Margarita (norte), o início do diálogo foi desmentido em um primeiro momento pelos mais importantes dirigentes opositores, mas posteriormente eles disseram estar dispostos a participar da mesa se as negociações forem realizadas em Caracas.

    “Temos a possibilidade de ter um árbitro com alcance planetário, como é o Vaticano. Sugerimos que o encontro seja em Caracas, teremos que entrar em acordo”, afirmou Torrealba.

    Mas Maduro insistiu nesta quarta-feira em que “a mesa de diálogo nacional está convocada e eu vou assistir porque eu quero o diálogo pela paz do país”.

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    “Que Maduro nos mande fotos da praia, porque no domingo não vamos para [a ilha] Margarita”, afirmou Capriles.

    (Com AFP)

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