Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Como a Venezuela se tornou a pior economia do mundo

Inflação nas alturas, escassez de alimentos e de insumos básicos e petróleo no pior nível em 13 anos refletem crise vivida no país

Por Da redação
Atualizado em 26 out 2016, 15h17 - Publicado em 26 out 2016, 15h08

Um enorme protesto contra o presidente Nicolás Maduro, marcado para esta quarta-feira, já está em andamento, reunindo milhares de pessoas. A oposição do governo de Maduro declara que a democracia do país está a bordo de um colapso depois de o presidente suspender o referendo revogatório que poderia levar à destituição do líder venezuelano.

“Somente os ditadores privam seus cidadãos de exercer seus direitos”, disse o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos Luis Almagro no último sábado. “Hoje estamos mais convencidos do que nunca da ruptura do sistema democrático.”

Os protestos e a insatisfação da população ganham força em um ano em que os cidadãos vêm sofrendo com a escassez de alimentos e remédios e com a alta da inflação, em um cenário econômico desastroso.

Mas como a Venezuela, dona de uma das maiores reservas de petróleo do mundo, chegou a essa situação? O portal CNN listou quatro razões que explicam a profunda crise vivida pelo país.

Seis anos de recessão

Segundo previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia venezuelana deve cair 10% este ano, e a recessão deve se manter até, pelo menos, 2019, totalizando seis anos de crise. Enquanto a economia se contrai, o preço dos produtos no país dispara. O FMI acredita que a inflação deve crescer 475% em 2016. Para se ter uma ideia da força inflacionária, há exatos dois anos, um dólar equivalia a 100 bolívares. Hoje, com um dólar é possível comprar 1.262 bolívares, de acordo com o site DolarToday.com, que monitora o câmbio paralelo.

De acordo com a CNN, o excesso de gastos com programas sociais, a má administração pública e a agricultura em ruínas prepararam o terreno para a crise atual.

Continua após a publicidade

Petróleo, um motor quebrado

A situação do país se agravou quando os preços do petróleo começaram a cair, em 2014. O país tem as maiores reservas de petróleo do mundo, mas esse é o único motor da economia venezuelana, representando mais de 95% das receitas de exportação. Ou seja, quando não vende o produto, não ganha dinheiro. Há dois anos, os preços do petróleo estavam acima de 100 dólares. Hoje, estão avaliados em 50 dólares o barril, depois de cair a 26 dólares, a mínima registrada neste ano.

Mesmo tendo a maior reserva em suas mãos, o país não soube administrá-la, desperdiçando oportunidades de investir em seus campos de petróleo durante épocas de “vacas gordas”. A falta de manutenção de suas instalações petrolíferas resultou no menor nível de produção em treze anos. A petroleira estatal PDVSA, por exemplo, não tem pagado as companhias responsáveis pela extração de petróleo, como a Schlumberger, que, assim como outras companhias, reduziu drasticamente as operações.

Preços estratosféricos e hospitais acabados

A escassez de alimentos no país piorou em 2016. Os venezuelanos ficaram semanas – e, em alguns casos, até meses – sem produtos básicos como leite, ovos, farinha, sabão e papel higiênico. Apesar do colapso da moeda e da queda das receitas de petróleo, o governo Maduro seguiu exercendo um controle rígido dos preços de produtos vendidos em supermercados, obrigando que importadores de alimentos deixassem de importar praticamente tudo para não terem prejuízo.

Na primeira metade do ano, as importações de alimentos caíram quase 50% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar de recentemente o governo ter deixado de controlar os preços e de a comida ter voltado aos mercados, a maioria dos venezuelanos não consegue arcar com o alto custo dos produtos.

Assim como os alimentos, os remédios também estão escassos. Os hospitais públicos do país estão em ruínas, fazendo com que os pacientes, incluindo bebês, morram devido à falta de cuidados médicos básicos.

Continua após a publicidade

Dinheiro em falta

A Venezuela está ficando sem dinheiro muito rapidamente e não tem o suficiente para pagar por muito tempo suas contas. O país tem dívidas que vencem até o fim de 2017 que somam 15 bilhões de dólares. Suas reservas somam apenas 11,8 bilhões de dólares.

A principal esperança e fonte de renda do governo, a PDVSA, tem produzido cada vez menos petróleo e está a bordo de uma grave crise. Atualmente, a maior parte de suas reservas é em ouro. Para quitar suas dívidas, o país está enviando barras de ouro à Suíça.

Os protestos desta quarta-feira mostram que o país está ficando sem tempo, sem dinheiro e sem opções de enfrentar a situação que vive. “Os ânimos estão se aquecendo na Venezuela”, diz Eric Farnsworth, vice-presidente do Conselho para as Américas, entidade americana de promoção do livre comércio. “Todos os indicadores mostram que a situação está se deteriorando rapidamente e que não vai melhorar tão cedo.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.