UE está disposta a lançar operação militar para acabar com tragédias do Mediterrâneo
Bloco europeu está disposto a combater os traficantes de pessoas que atuam no norte da África
Os líderes europeus iniciaram nesta quinta-feira uma cúpula extraordinária em Bruxelas para avaliar a possibilidade de uma operação militar contra os traficantes de pessoas na Líbia para frear o fluxo de imigrantes que tentam chegar à Europa cruzando o Mar Mediterrâneo. Entre as propostas sobre a mesa após um naufrágio no domingo na costa líbia que deixou mais de 800 mortos está a “captura e destruição dos navios usados pelos traficantes de seres humanos”, segundo um esboço de declaração final a que as agências internacionais tiveram acesso.
Uma fonte diplomática indicou que os Estados-membros se preparavam para aprovar a declaração, que inclui o plano de dez pontos apresentado na segunda-feira pela Comissão Europeia. Este plano reflete sua disposição para tomar ações práticas contra os traficantes que amontoam em barcos pessoas que fogem da miséria e dos conflitos na África, no Oriente Médio e na Ásia. Mas o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, mostrou-se prudente ao chegar à cúpula. “Ninguém tem ilusões. Os problemas não serão resolvidos hoje”, disse.
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O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, pediu solidariedade aos países que estão na linha de frente. Grécia, assim como Itália, Malta e Chipre, são os mais expostos ao fluxo de imigrantes que chegam pelo mar. O primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, que defendeu nesta semana uma intervenção militar contra os traficantes na Líbia, não fez declarações ao chegar.
Plano ‘mínimo’ – “Se não fizermos nada, penso que neste ano veremos meio milhão de imigrantes atravessarem o Mediterrâneo e, neste caso, podem ter até 10.000 mortos”, advertiu Koji Sekimizu, diretor da Organização Marítima Internacional (OMI). O plano que os europeus traçaram contempla a captura e a destruição dos navios utilizados pelos traficantes, mas para isso é preciso montar uma operação militar, algo inédito no combate à imigração ilegal. França, Aleamanha e Grã-Bretanha se comprometaram a deslocar embarcações militares e helicópteros para patrulhar a região.
Outra ideia em discussão é atuar nos países do norte da África – Egito, Tunísia, Argélia e Marrocos – para evitar que barcos sejam vendidos aos traficantes. A UE reforçará imediatamente as operações de vigilância e resgate no Mediterrâneo, triplicando o orçamento das operações Triton, na Itália, e Poseidon, na Grécia, para até 9 milhões de euros (mais de 29 milhões de reais) por mês. Outro aspecto do plano é propor a acolhida de “ao menos 5.000 pessoas” que já tenham o status de refugiados nos Estados da UE – em particular refugiados sírios.
Ao mesmo tempo, para agilizar o tratamento das solicitações de asilo dos países mais expostos, uma das propostas na mesa é a de repassar os pedidos para países com menos demandas. Enquanto isso, os “imigrantes econômicos” (pessoas que buscam empregos na Europa) serão reenviados o mais rápido possível aos seus países de origem, um aspecto do plano que é alvo de críticas das organizações humanitárias, assim como de diferentes agências da ONU. A Anistia Internacional considerou este plano “lamentável e vergonhosamente inadequado” e incapaze de “frear a espiral de mortes no mar”. A Agência da ONU para os Refugiados e o Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos classificaram o plano de “mínimo”.
(Da redação)