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União Europeia diz que tem obrigação ‘moral e humana’ de agir contra mortes no Mediterrâneo

Por Da Redação
19 abr 2015, 14h24

O naufrágio que deixou 700 imigrantes desaparecidos neste domingo nas águas do Canal da Sicília, em águas próximas á ilha de Malta, fez crescer a pressão para que a União Europeia tome atitudes emergenciais e amplie a fiscalização no Mar Mediterrâneo. Centenas de pessoas têm embarcado em navios clandestinos para fugir dos conflitos que se espalharam pela África e Oriente Médio, sobretudo na Líbia, Síria e Iêmen. Os refugiados costumam pagar quantias em dinheiro para criminosos que prometem uma viagem segura até o continente europeu, mas que, na verdade, sobrelotam embarcações precárias e sem condições de atravessar as águas que separam a costa africana de ilhas e bacias localizadas ao sul da Europa.

“Gangues de criminosos estão colocando pessoas na estrada para a morte. Nossas forças navais e a Marinha italiana estão literalmente revirando corpos para tentar encontrar alguém com vida”, afirmou o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, após o novo desastre. O premiê italiano, Matteo Renzi, está viajando de volta para Roma e já conversou por telefone com o presidente francês, François Hollande, sobre o assunto. Renzi afirmou que a Europa está testemunhando “um massacre sistemático no Mediterrâneo”. “Como nos mantemos insensíveis ao testemunhar populações inteiras morrendo em tempos em que as modernas formas de comunicação permitem que nós saibamos de tudo?”, afirmou o político, em declarações reproduzidas pela rede ABC News.

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Hollande, segundo a rede americana CNN, também pediu para que a União Europeia haja com mais vigor para resolver a questão dos imigrantes. Para o grupo de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch, a tragédia, que pode ser a maior numa sucessão de episódios semelhantes, exige que o assunto passe a ser tratado com urgência. “A União Europeia está parada com os braços cruzados enquanto centenas morrem em suas costas”, afirmou Judith Sunderland, vice-diretora para assuntos da Europa e da Ásia Central na organização. “Essas mortes poderiam ter sido evitadas se a União Europeia lançasse um genuíno programa de busca e resgate”.

O chefe da organização internacional Médicos Sem Fronteiras, Loris De Filippi, também atacou a inação dos países europeus frente às repetidas tragédias envolvendo imigrantes. “Uma vala comum está se formando no Mar Mediterrâneo e as políticas europeias são também responsáveis por isso”, disse Filippi, que comparou o número de mortos na região ao de zonas de guerra. “Diante de milhares de pessoas desesperadas que fogem de guerras e crises, a Europa fechou suas fronteiras. Na busca por proteção, essas pessoas arriscam suas vidas e morrem no oceano. É algo que pode e deve ser resolvido”.

Os grupos de direitos humanos sugerem que a União Europeia comece a vigiar o Mar Mediterrâneo em um perímetro próximo às águas territoriais da Líbia. Segundo a ONU, apenas em 2015, 35 mil pessoas cruzaram o Mediterrâneo em viagens clandestinas. No mesmo período, 950 mortes foram registradas – 400 delas na semana passada, numa embarcação que zarpou da Líbia. Essa conta não inclui o acidente deste domingo.

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A União Europeia comunicou que planeja tomar ações para resolver o problema, mas não especificou quais. “A Comissão Europeia está profundamente consternada com os trágicos acontecimentos de hoje e dos últimos dias e semanas no Mediterrâneo. A realidade é complexa e nossas atitudes precisam se tomadas à altura. Vidas humanas estão em jogo, e a União Europeia, por ser um modelo, tem a obrigação moral e humana de agir”, disse a nota.

O papa Francisco recordou neste domingo as mortes de imigrantes ocorridas nos últimos dias e pediu para que a comunidade internacional haja de forma rápida e efetiva para evitar novas tragédias. “Há homens e mulheres conosco, nossos irmãos, em busca de uma vida melhor, famintos, perseguidos, feridos, explorados e vítimas das guerras”, disse o pontífice durante a tradicional pregação na praça São Pedro. “Diante desta tragédia, expresso a dor do meu coração e prometo recordar as vítimas e suas famílias em minhas orações. Faço um apelo sentido à comunidade internacional para uma reação decisiva e rápida para que estas tragédias não se repitam”.

(Da redação)

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