Ucrânia demite funcionários de recrutamento militar por corrupção
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky diz que agentes receberam subornos para ajudarem possíveis recrutas a deixarem o país
Em uma novação operação anticorrupção, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, confirmou nesta sexta-feira, 11, a demissão de mais de 30 funcionários do setor de recrutamento militar, após a comprovação de recebimento de suborno em dinheiro e criptomoedas. Ao tratar o episódio como “alta traição”, o líder ucraniano disse que a escolha de novos oficiais será baseada na análise do serviço de inteligência e na experiência em campo de batalha.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Zelensky comunicou que o abuso dos agentes teria ocorrido em diferentes regiões, como Donetsk, Poltava, Vinítsia, Odesa, Kiev e Lviv. Ele destaca, ainda, que o “sistema deve ser comandado por pessoas que sabem exatamente o que é a guerra e por que o cinismo e o suborno em tempos de guerra consistem em traição”.
Corruption in military recruiting will be eliminated. The heads of all regional recruitment centers will be fired and replaced by brave warriors who have lost their health on the frontlines but have maintained their dignity. The decision was approved at today's NSDC meeting. pic.twitter.com/4nhgyBXzsr
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) August 11, 2023
+ Ucrânia só atende a 2 dos 7 requisitos para aderir à União Europeia
Além das denúncias de suborno, os oficiais enfrentam 112 imputações criminais ligadas ao auxílio para possíveis recrutas a deixarem a Ucrânia. Desde o início do conflito, em fevereiro do ano passado, os regulamentos ucranianos passaram a determinar que homens acima de 18 anos podem ser recrutados para lutar e que aqueles com menos de 60 anos estão proibidos de deixar o país.
“A maneira como eles tratam os combatentes, a maneira como eles tratam seus deveres, é simplesmente imoral”, defende Zelensky.
O caso de corrupção que veio à tona após a realização de uma inspeção nos escritórios locais do exército ucraniano. Não é a primeira vez, no entanto, que o país lida com duras acusações. Em janeiro, 11 funcionários do governo foram demitidos sob alegações de corrupção, enquanto o chefe da Suprema Corte do país foi detido por suborno em maio.
Entre 180 nações, a Ucrânia ocupa a 116º posição no ranking do Índice de Percepção de Corrupção da Transparência Internacional, apesar dos esforços recentes que visam combater o problema.
A frequência dos crimes prejudica, ainda, a entrada do país na União Europeia. Em junho, o bloco anunciou que o governo de Zelensky atendia apenas dois dos sete requisitos para a adesão. Entre os pontos não acolhidos estariam medidas contra a lavagem de dinheiro, leis de controle de oligarcas e a defesa de direitos das minorias nacionais.