O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, exigiu ações da Finlândia e da Suécia como condição para apoiar o ingresso de ambos os países na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a principal aliança militar ocidental. No mês passado, o governo turco já havia insinuado que poderia barrar a entrada dos países do leste europeu no grupo.
De acordo com um comunicado da Diretoria de Comunicações da Turquia nesta quarta-feira, 15, Erdogan disse ao secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, que nenhum progresso poderia ser alcançado sem ver “medidas concretas” da Finlândia e da Suécia que atendam às “expectativas legítimas” turcas.
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Entre as medidas pelo presidente turco estão a exigência de que os países nórdicos mudem suas políticas em relação ao que a Turquia classifica como “terrorismo” e a reversão das das proibições de venda de alguns tipos de armas a Ancara. O ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, disse anteriormente que os dois países deveriam alterar suas leis, se necessário, para obter o apoio turco.
Membro da Otan há mais de 70 anos, a Turquia tem o segundo maior Exército da aliança.
As objeções de Ancara à candidatura de Finlândia e Suécia já haviam sido demonstradas nas últimas semanas, com o governo turco citando o histórico dos países em receber membros de grupos militantes curdos e a suspensão da Suécia de vendas de armas para a Turquia desde 2019 por causa da operação militar turca na Síria. O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) é classificado como um grupo “terrorista” pela Turquia e aliados ocidentais, como Estados Unidos e a União Europeia.
“Nenhum desses países tem uma atitude clara e aberta contra organizações terroristas”, disse Erdogan no mês passado. “Como podemos confiar neles?”
Após décadas de não alinhamento militar, Suécia e Finlândia decidiram abrir mão de sua condição de ‘nações neutras’ ao solicitar a adesão à Otan em maio, após a invasão da Rússia à Ucrânia. No entanto, para ingressarem no bloco militar liderado pelos Estados Unidos, suas candidaturas devem ser aprovadas por todos os 30 membros da aliança.
Tentando dissolver o impasse entre as nações nórdicas e a Turquia, o secretário-geral da organização disse estava trabalhando “duro e ativamente” para resolver as preocupações de Ancara “o mais rápido possível” durante uma visita à Suécia na segunda-feira, 13.
Em seu perfil no Twitter, Stoltenberg disse que está mantendo “conversas construtivas” com o presidente turco.
“Discutimos a importância de abordar as preocupações legítimas de segurança da Turquia na luta contra o terrorismo e progredir no processo de adesão à OTAN para a Finlândia e a Suécia”, declarou.
A primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, afirmou na terça-feira, 14, que as propostas nórdicas podem parar se um acordo com a Turquia não for alcançado antes da cúpula da Otan no final de junho.