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Em discurso, Trump pressiona por muro e confirma novo encontro com Kim

No pronunciamento sobre o Estado da União, o presidente também criticou investigações contra seu governo e reforçou posições contra a Rússia e a China

Por Diego Freire Atualizado em 6 fev 2019, 04h49 - Publicado em 6 fev 2019, 01h31

O presidente americano Donald Trump conduziu, na madrugada desta quarta-feira 6 (noite de terça no horário americano) o discurso sobre o Estado da União, evento anual no qual tradicionalmente o líder do país “presta contas” ao Congresso e detalha os projetos futuros da nação.

Em 1 hora e 22 minutos de fala, o republicano reforçou suas principais posições de forma enfática: pressionou pela aprovação do seu projeto de construir um muro na fronteira mexicana (sob ameaça de paralisar novamente o governo se for rejeitado), criticou as políticas comerciais chinesas, acusou a Rússia de violar o acordo nuclear e comentou sobre uma ameaça socialista ao declarar que Juan Guaidó é o presidente legítimo da Venezuela.

Mencionou, ainda, outras questões de política externa, reafirmando a retirada das tropas americanas da Síria e as negociações de paz com o regime talibã. Disse que sua proximidade com o líder norte-coreano Kim-Jong Un evitou “uma guerra com milhões de mortos” e confirmou que se encontrará novamente com o ditador no próximo dia 27 de fevereiro, no Vietnã.

Não houve qualquer comentário sobre algumas temas que geravam expectativas, como políticas para reduzir as mudanças climáticas e o posicionamento a respeito da morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi na Turquia.

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Muro na fronteira mexicana

Trump aproveitou a ocasião para deixar claro que o shutdown (paralisação parcial do governo que interrompeu serviços públicos entre janeiro e fevereiro por 35 dias) deverá retornar caso o Congresso não aprove seu projeto para financiar a construção de um muro na fronteira mexicana. O acordo atual vigora até 15 de fevereiro.

“Temos 10 dias para votar. É hora do Congresso mostrar que os Estados Unidos estão comprometidos a acabar com a imigração ilegal. A situação sem lei da nossa fronteira do sul é uma ameaça”, declarou.

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“Quero que as pessoas venham para o nosso país no maior número possível, mas isso precisa ser feito legalmente”, acrescentou. “Enquanto os políticos ricos pressionam por fronteiras abertas, vivendo atrás de muros e guardas, trabalhadores americanos são deixados e pagam o preço pela imigração ilegal: falta de trabalho, hospitais superlotados, aumento da violência e rede de proteção social acabando. Defender a imigração ilegal não é compaixão, é cruel”, prosseguiu.

Em outro momento, disse que “traficantes se aproveitam da nossa falta de segurança para trazer pessoas de forma ilegal, inclusive para prostituição. Milhares de americanos inocentes são mortos pelas drogas ilegais que atravessam nossa fronteira”.  Enfaticamente, o presidente declarou: “eu vou garantir a construção desse muro” – seguido de amplos aplausos no Capitólio.

Pedido por união e crítica a investigações

Trump iniciou sua fala com um discurso conciliador, após o shutdown que paralisou parcialmente o governo por 35 dias entre dezembro e janeiro. “É um momento de potencial ilimitado, começamos uma nova legislatura. Estou pronto para conseguir avanços históricos. Os americanos esperam que governemos não como dois partidos, mas como uma nação. A agenda que vou apresentar não é republicana ou democrata é a agenda do povo americano”, declarou. “Precisamos rejeitar a política da vingança e abraçar a política de compromisso e de bem comum”.

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Ainda na abertura de seu pronunciamento, ele exaltou os resultados econômicos e sociais de seu governo. Declarou que o país hoje cresce duas vezes mais rápido do que quando assumiu e “há mais gente trabalhando hoje do que em qualquer período da história do nosso país”. “As empresas estão voltando a nosso país graças a reduções históricas de impostos”, afirmou. “A economia americana faz inveja ao mundo”.

“Ninguém se beneficiou mais da prosperidade econômica do país do que as mulheres, que ocuparam 58% dos novos empregos criados no último ano”, comentou o líder americano, ao pontuar que “todos os americanos devem estar orgulhosos de ter cada vez mais mulheres trabalhando”.

Após enumerar índices econômicos, o republicano mencionou brevemente as investigações às quais está submetido, ao comentar que “ridículas investigações partidárias” contra ele poderiam frear o “milagre econômico” que vive o país, em aparente referência às averiguações sobre a trama russa do promotor especial Robert Mueller.

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China e NAFTA

“Estamos trabalhando para deixar claro à China que, após anos de ataques à nossa indústria, e de roubar nossa propriedade intelectual, o roubo de trabalhos e riqueza americanos chegaram ao seu fim”, disse o líder americano, que se mostrou otimista quanto a avanços na guerra comercial com o gigante asiático. “Tenho grande respeito ao presidente Xi [Jinping, da China] e estamos trabalhando em acordos, mas o comércio precisa ser justo”.

Ainda sobre o comércio internacional, Trump criticou o acordo comum dos Estados Unidos com o México e Canadá. “Outro fracasso histórico no comércio foi o NAFTA. Nosso novo acordo, que o substituirá, atenderá os trabalhadores americanos de uma forma que nunca foram apoiados. Espero que seja aprovado logo, para proteger nossa agricultura, propriedade intelectual e permitir que mais carros tenham as belas palavras: ‘made in the USA‘”, disse

“Peço que me ajudem a aprovar o tratado recíproco. Países que taxarem de forma injusta os produtos americanos, terão resposta na mesma medida. Ambos os países deveriam se unir pela reconstruir nossa infraestrutura, que está desmoronando”, comentou, em apelo por outra proposta econômica.

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Rússia, Coreia do Norte, Venezuela e Oriente Médio

Trump comentou também sobre a Rússia, que, segundo ele violou os termos do acordo Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) de 1997 por conta do novo míssil Novator 9M729. O acordo nuclear proíbe os dois países de instalarem mísseis terrestres de alcance curto e intermediário na Europa.

Sobre a Coreia do Norte, o presidente exaltou as negociações de paz com Pyongyang e declarou ter um bom relacionamento com Kin-Jong Un, confirmando que se encontrará com o líder norte-coreano no Vietnã em 27 e 28 de fevereiro. “Se eu não fosse presidente americano, estaríamos em guerra com a Coreia do Norte”, analisou.

Sobre a Venezuela, Trump voltou a afirmar que os Estados Unidos reconhecem Juan Guaidó como presidente legítimo e atacou Maduro, que “destruiu o país mais rico da América do Sul”. Aproveitou para declarar que protegerá os Estados Unidos de “ameaças socialistas”: “aqui nascemos e vivemos livres. Os Estados Unidos jamais serão um país socialista”. Na sequência a essa fala, congressistas gritaram: “Estados Unidos! Estados Unidos!”

Na sequência, o presidente entrou no tema Oriente Médio: “grandes nações não lutam guerras sem fim”, disse, se referindo a conflitos que tiveram participação americana, como os do Afeganistão, Síria e Iraque. Afirmou que o Estado Islâmico foi eliminado da região, com esforço dos americanos e aliados, e que os Estados Unidos darão “aos bravos guerreiros na Síria um caloroso boas-vindas de retorno a suas casas”.

Sobre acordos de paz com os talibãs, no Afeganistão, comentou que “não sabe se será possível chegar à paz, mas chegou a hora de negociar”. Ele ainda exaltou a mudança da embaixada americana em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém e mencionou o antissemitismo na região ao comentar o fim do acordo nuclear com o Irã: “não podemos ignorar o veneno do antissemitismo [do governo iraniano], não compactuamos”.

Outras pautas

O republicano também aproveitou seu discurso para apresentar políticas de combate à AIDS no país e comentar sobre o tema aborto. “Peço ajuda ao Congresso para impedir que seja permitido o aborto em fase final do parto. Vamos trabalhar juntos para construir uma cultura que valoriza a vida inocente”, disse.

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