O jornalista saudita Jamal Khashoggi, outros três repórteres asiáticos e um grupo de profissionais de um jornal regional foram eleitos personalidades do ano pela revista americana Time.
Além de Khashoggi, assassinado no consulado de seu país em Istambul, na Turquia, a publicação homenageou a jornalista filipina Maria Ressa, os dois repórteres birmaneses da agência de notícias Reuters, Wa Lone e Kyaw Soe Oo, e toda a redação do jornal americano Capital Gazette, que sofreu um ataque em junho em Annapolis, Maryland.
“Neste ano estamos reconhecendo quatro jornalistas e um meio de comunicação que pagaram um terrível preço por encarar os desafios deste momento”, afirmou Edward Felsenthal, diretor da publicação nova-iorquina.
O prêmio, outorgado anualmente desde 1927, “reconhece a pessoa ou grupo de pessoas que mais influenciaram as notícias e o mundo – para bem ou para mal – durante o ano”. Neste ano, o tema escolhido foi “Os guardiões e a guerra pela verdade”.
Segundo a publicação, os jornalistas foram escolhidos porque representam a luta enfrentada por outros comunicadores em diversas partes do mundo, que correm riscos para poder “contar a história de nossa época”.
A inclusão de Jamal Khashoggi, assassinado por um grupo de sauditas em outubro, marca a primeira vez em que a revista nomeia uma pessoa já falecida como personalidade do ano.
O jornalista era um conhecido crítico do governo da Arábia Saudita e vivia exilado nos Estados Unidos. O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman foi acusado internacionalmente de ser o mandante do crime.
Cinco profissionais do jornal americano Capital Gazette mortos em um ataque a tiros em junho também foram eleitos. A redação em Annapolis foi atacada por Jarrod Warren Ramos, que queria se vingar dos jornalistas por uma reportagem de 2012, em que o jornal relatava um caso de assédio cometido por ele.
As vítimas do ataque foram Gerald Fischman, Rob Hiaasen, John McNamara, Rebecca Smith e Wendi Winters. Outras duas pessoas ficaram feridas.
A Time também homenageou os birmaneses Wa Lone e Kyaw Soe Oo. Os dois estão presos em Mianmar desde dezembro do ano passado, quando foram acusados de violarem segredos de Estado.
Eles foram condenados a sete anos de prisão em setembro. Antes de serem presos, os repórteres investigavam o assassinato de dez meninos e homens rohingyas cometido por forças de segurança e budistas locais do Estado de Rakhine durante uma operação repressiva do Exército que começou em agosto do ano passado.
Por último, a revista elegeu a jornalista filipina Maria Ressa. Ela dirige o Rappler, um site de notícias on-line nas Filipinas que denunciou execuções extrajudiciais ordenadas pelo presidente Rodrigo Duterte, que resultaram em cerca de 12.000 mortos.