O Talibã anunciou nesta terça-feira, 17, uma anistia geral em todo o Afeganistão e clamou para que as mulheres se juntem ao seu governo, em uma tentativa de acalmar os ânimos após acontecimentos ocorridos no aeroporto de Cabul. Na última segunda-feira, cenas de desespero e aflição foram registradas quando milhares de pessoas se amontoaram em meio aos aviões para tentar escapar do país.
Com o objetivo de se mostrar mais moderado do que o período em que governou o país de 1996 a 2001, o grupo pediu para que todos retornem às suas vidas com total confiança. Em entrevista à rede de notícias Tolo News, um membro da comissão cultural do Talibã disse que o novo governo não quer que as mulheres sejam vítimas, mas sim que estejam na estrutura governamental de acordo com a lei sharia, sem dar detalhes de como a lei islâmica será interpretada.
O movimento dos extremistas ainda é visto com muito ceticismo pela comunidade internacional e pelos moradores mais velhos do Afeganistão, que se lembram das visões islâmicas ultraconservadoras que estiveram em vigor durante os anos de controle talibã no país.
Apesar do medo, os afegãos começaram a voltar à vida normal nesta terça, com a reabertura de alguns comércios e o retorno das pessoas às ruas da capital. Membros do grupo fundamentalista podem ser vistos em toda a parte, ocupando postos de controle que costumavam ser da polícia e do exército.
O grupo começou sua investida para retomar o controle do Afeganistão em maio, após o início da retirada das tropas estrangeiras do país, sobretudo americanas. No último dia 11, o serviço de inteligência dos EUA apontou que os extremistas poderiam tomar a capital em 90 dias, porém a sua queda ocorreu mais rápido do que o esperado.
Após conquistar uma série de capitais provinciais na última semana, os fundamentalistas sitiaram Cabul no último domingo, movimento que fez com que o presidente Ashraf Ghani partisse para o Uzbequistão com sua esposa e dois assessores próximos. Poucas horas depois, o grupo entrou no Palácio Presidencial e fez um pronunciamento à mídia afirmando que tem o total controle sobre o país.
Na última segunda-feira, 16, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que Washington “jamais teve o objetivo de construir um país” no Afeganistão e reiterou que ainda defende veementemente sua decisão de retirar as tropas americanas do país, mesmo que o colapso tenha sido mais rápido do que o esperado.
Um dos líderes do Talibã afirmou que o grupo irá esperar a retirada total das forças estrangeiras antes de criar uma nova estrutura de governo. A China já se disse pronta para ter relações amistosas com os extremistas, ao mesmo tempo que Irã e Rússia já fizeram aberturas diplomáticas.