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Super Terça polariza disputa democrata entre Biden e Sanders

Sem concorrente real entre os republicanos, Donald Trump se prepara para enfrentar moderado ou radical fustigado durante as primárias

Por Denise Chrispim Marin 4 mar 2020, 14h22

Como tudo mais na política americana dos últimos dez anos, a disputa democrata pela Casa Branca polarizou desde a divulgação dos resultados da Super Terça, as prévias em 14 estados e um território na terça-feira 3. E nessas circunstância, o maior favorecido é o republicano Donald Trump. Em uma virada empurrada pelo voto negro no sul do país, o ex-presidente dos Estados Unidos Joe Biden subiu do quinto lugar para o posto de favorito e concorrerá a partir de agora diretamente com o senador Bernie Sanders, considerado o principal nome da ala esquerda do partido. Os resultados pífios forçaram o magnata Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, a jogar a toalha nesta quarta-feira, 4, depois de ter investido 500 milhões de dólares do próprio bolso em sua decolagem nessa etapa.

A totalidade das votações ainda não está todos computada. Ainda falta a conclusão das apurações em quatro estados. Mas os resultados obtidos já são suficientemente substanciais para marcar a vitória de Biden em nove estados, entre os quais o Texas, e seu empate com Sanders no Colorado. O senador venceu outros quatro, entre os quais a super-democrata Califórnia, detentora do maior número delegados do partido para a Convenção de julho.

Preferido do establishment democrata, Biden acertou ao parcialmente abandonar as disputas nos estados onde se deram as primeiras prévias e ao apostar na campanha na Carolina do Sul, onde venceu no sábado 29, e nos demais estados do sul que entraram na Super Terça – Alabama, Arkansas, Carolina do Norte, Tennessee e Virgínia – onde a população afroamericana sempre faz a diferença nas eleições. Nas vésperas, recebera o apoio de dois concorrentes preciosos que haviam abandonado a corrida – Pete Buttigieg, ex-prefeito de South Bend (Indiana), e a senadora Amy Klobouchar -, fatos que fortaleceram sua arrancada.

O desempenho de Sanders, mesmo com a vitória na Califórnia, onde o vencedor leva todos os delegados democratas, não chegou a ser considerado um feito eleitoral expressivo. Preferido entre os jovens brancos e os democratas mais progressistas, o que explica seu desempenho entre os californianos e os eleitores do Colorado, o senador venceu apenas em pequenos estados – seu natal Vermont e Utah, comumente lembrado pela alta concentração de mormons. Em algum momento, porém, deverá angariar o apoio ainda orientado à sua colega de Senado Elizabeth Warren, que prossegue em sua campanha como se não tivesse sido tão derrotada quanto Bloomberg nesta Super Terça.

O senador Bernie Sanders, ao final da Super-Terça: socialista contra democrata morno – 03/03/2020 (/Caitlin Ochs/ TPX Images/Reuters)

No cômputo dos delegados conquistados para a Convenção democrata, Biden levou 351 nesta terça-feira e acumula 404. Sanders conseguiu mais 280 e agora totaliza 340. Warren, com os 28 desta Super Terça, subiu para 36. Bloomberg passará seus 12 – boa parte extraída de sua única vitória, no território de Samoa Americana – para Biden. Ainda figura na disputa a deputada Tulso Gabbard, do Havaí, com apenas um delegado e nenhuma chance pela frente. Para vencer a Convenção, o pré-candidato terá de somar 1.991 representantes. Além dos que conquistará nas próximas etapas, Biden tende a fisgar a maior parte dos 771 super-delegados, designados pelo partido e não pelos votos dos eleitores democratas.

A distância de 164 delegados entre Biden e Sanders impõe ao senador a missão de engrossar suas fileiras na próximas prévias, em especial nos estados com maior número de delegados: Michigan, Flórida, Illinois, Ohio e Georgia, todos ainda neste mês; Nova York, Maryland e Pensilvânia, em abril; e Nova Jersey, em junho. Somados, esses estados detêm 1.297 delegados ou 33% do total a estar presente na Convenção Democrata.

No conforto de não ter um concorrente real no Partido Republicano durante esta fase de primárias, Trump assistiu de camarote às prévias democratas de terça-feira, mas esquivou-se de posicionar-se em relação a seus dois potenciais desafiadores nas eleições de novembro. Bateu com desdém em Bloomberg, a quem chama de “Mini Mike”, em uma referência à altura do empresário, e na capacidade do magnata de Nova York de engrossar os fundos da campanha de Biden, a quem trata como “Sleepy Joe” (Joe Adormercido, em tradução literal).

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Trump, de qualquer forma, se vê entre um morno concorrente democrata, Biden, centrista que se verá desafiado a convencer o eleitorado de Sander a sair de casa ou do trabalho e ir às urnas em 3 de novembro para votar, e um concorrente com propostas mais radicais, como a de criar um sistema público de saúde e desmontar os conglomerados do Vale do Silício, que terá dificuldade em atrair os democratas mais moderados. O presidente americano também terá a missão de levar os eleitores republicanos, em especial os descontentes com seu estilo e seu governo, aos postos eleitorais. Mas não será malhado, em propagandas e debates, por seu colega de partido Bill Weld, ex-governador de Massachusetts, ao longo dos quatro meses restantes de primárias.

 

 

 

 

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