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Suécia abandona sua pioneira ‘política externa feminista’

Chegada da extrema-direita ao poder muda os rumos de diretrizes dentro do Ministério das Relações Exteriores

Por Da Redação 19 out 2022, 11h21

O novo ministro das Relações Exteriores da Súecia, Tobias Billström, anunciou na terça-feira, 18, uma reformulação na política externa do país. Apoiado pela extrema-direita, o atual governo conservador pretende derrubar a pioneira “diplomacia feminista” lançada pela gestão esquerdista anterior.

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Em entrevista à agência de notícias sueca TT na terça-feira, o chanceler, que acaba de assumir a pasta, definiu como contraproducente o rótulo que coloca a igualdade de gênero como foco das relações diplomáticas do país. 

“A igualdade de gênero é um valor fundamental na Suécia e também um valor fundamental para este governo, mas não usaremos o termo ‘política externa feminista’ porque rótulos tendem a encobrir a essência da política”, argumentou  Billström.

A declaração foi dada em meio ao anúncio da formação ministerial do novo governo ultradireitista liderado por Ulf Kristersson, primeiro-ministro sueco que tomou posse na terça-feira. A nova coalizão formada pelos Partido Moderado e pelos Democratas Suecos, legenda nacionalista e anti-imigrantes, ganhou a maioria dos assentos no Parlamento nas eleições de setembro.

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O pleito representou uma virada no poder legislativo sueco, comandado pela coalizão de centro-esquerda liderada pelos social-democratas por oito anos.

O governo anterior lançou a “política externa feminista” em 2014, tornando-se o primeiro no mundo a colocar a igualdade de gênero no centro de suas relações com outras nações. Direitos de participação política na sociedade civil, emancipação econômica e direitos sexuais e reprodutivos foram apenas alguns dos pontos emblemáticos da medida.

Durante o mandato de esquerda, o país alcançou uma paridade de gênero na composição do Executivo até então inédita, com 13 homens e 11 mulheres na composição.

A ex-ministra das Relações Exteriores Margot Wallstrom impulsionou o conceito como “uma resposta à discriminação e à subordinação sistemática que caracteriza a vida cotidiana de muitas meninas e mulheres em todo o mundo”.

A antiga política externa resultou em disputas diplomáticas em todo o mundo. Durante o tempo da Suécia no Conselho de Segurança da ONU em 2017, o país trabalhou para incluir uma resolução de que a violência sexual e de gênero poderia ser motivo de sanções.

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Em 2015, o país nórdico  encerrou rapidamente um acordo de armas de longa data com a Arábia Saudita após condenar o histórico de violações do regime saudita aos direitos das mulheres. A Arábia Saudita chamou as observações de “ofensivas” e uma “interferência flagrante em seus assuntos internos”.

A Suécia também contribuiu para novas políticas de representação política feminina na Moldávia e na Somália e para a inclusão de questões de igualdade de gênero no acordo de paz da Colômbia de 2016. Além disso, o governo social-democrata sueco também colaborou na criação de novas legislações em cerca de 20 países, muitas vezes relacionadas à violência de gênero , mutilação genital feminina e casamento infantil.

No entanto, a política não deixou de ser criticada e organizações a sociedade civil sueca criticaram exportações de armas do antigo governo para regimes autoritários com histórico de abusos de direitos humanos.

Apesar da tendência de desconstrução da antiga política externa, a ministra sueca da Igualdade de Gênero, Paulina Brandberg, do partido Liberal, disse que “enquanto permanecer no cargo, ela “garantirá que as políticas do governo sejam feministas”.

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