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STF autoriza extradição de condenado por massacre na Espanha em 1977

Carlos Julía recebeu pena de 193 anos de prisão por envolvimento na matança de Atocha, que deixou 5 mortos e feriu 4 em escritório de advocacia

Por EFE Atualizado em 14 ago 2019, 04h13 - Publicado em 14 ago 2019, 02h22

O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou nesta terça-feira a extradição do espanhol Carlos García Julía, condenado por participar de um atentado a um escritório de advocacia em Madri ocorrido em 1977.

García Juliá cumpriu 14 dos 193 anos de prisão a que foi condenado em 1980. Em 1994, um dos autores da “Matança de Atocha“, como ficou conhecido o crime, recebeu autorização para viajar ao Paraguai e nunca mais voltou à Espanha, permanecendo foragido até dezembro de 2018, quando foi preso pela Polícia Federal em São Paulo.

A Audiência Nacional da Espanha pediu ao governo do país que solicitasse ao Brasil a extradição de García Julía, confirmada pelo STF hoje. O órgão espanhol entende que a condenação não prescreveu e ele deve que cumprir o restante de sua pena.

O terrorista tinha 24 quando cometeu um atentado a tiros dentro de um escritório de advogados trabalhistas e de militantes do ainda ilegal Partido Comunista da Espanha. Ele e José Fernández Cerra foram condenados pela Audiência Nacional do país a 193 anos de prisão como autores materiais de cinco assassinatos no local.

Os dois buscavam o dirigente comunista Joaquín Navarro, que era secretário-geral do Sindicato dos Transportes da confederação sindical Comissões Operárias (CCOO). Ele tinha sido o responsável por convocar greves que contribuíram para acabar com uma máfia franquista no transporte público.

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No escritório, a dupla matou a tiros os advogados Enrique Valdelvira, Javier Sauquillo e Luis Javier Benavides, o estudante de Direito Serafín Holgado e o assistente administrativo Ángel Rodríguez. Outras quatro pessoas ficaram feridas: Miguel Sarabia Gil, Alejandro Ruiz-Huerta Carbonell, Luis Ramos Pardo e Lola González Ruiz, esta última esposa de Sauquillo.

Chamado na Espanha de “Matança de Atocha”, em referência à rua onde ficava o escritório, o massacre se transformou em um dos símbolos do retorno da democracia na Espanha, quando faltavam dois meses para a legalização do Partido Comunista e cinco para a realização das primeiras eleições depois de quatro décadas de ditadura.

Na audiência realizada hoje, a Segunda Turma do STF autorizou a extradição por considerar que o pedido da Espanha cumpria os requisitos necessários. Em parecer, a procuradora-geral da República, Raquel Dogde, também concordou com a solicitação por verificar que não havia “finalidade de perseguir ou castigar o extraditado por opiniões políticas”.

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Os detalhes do processo de extradição ainda não foram divulgados.

Antes de desaparecer, García Julía recebeu autorização para viajar a Assunção e trabalhar, desde que se apresentasse mensalmente à embaixada da Espanha no Paraguai. O condenado não cumpriu o combinado e inciou um périplo de fugas por vários países da região.

A última pista antes da prisão no Brasil indicava que García Julía estava na Bolívia. O espanhol chegou a viver durante um período no país e foi preso por um crime relacionado com o narcotráfico.

Em dezembro de 2018, o autor do massacre do Atocha foi preso graças à colaboração entre a Polícia Nacional da Espanha e a Polícia Federal, com o apoio da Interpol. Os agentes o capturaram quando ele deixava o imóvel em que vivia na Barra Funda. Os vizinhos o descreveram como um homem “amável”, “discreto” e “educado”.

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Segundo as autoridades, García Julía vivia no Brasil há quase 20 anos, tendo chegado ao país em 2001 por Pacaraima, em Rondônia. Já em São Paulo, trabalhava como motorista de Uber, usando um nome falso – Genaro Antonio Materan – ele se dizia venezuelano.

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