Sarkozy monitorava vida privada de Strauss-Kahn, diz jornal
Le Monde afirma que uma equipe do presidente francês acompanhava a vida íntima de DSK para usar informações contra o rival
Aliados do presidente da França, Nicolas Sarkozy, monitoravam a vida privada do ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) Dominique Strauss-Kahn, indiciado por crimes sexuais nos Estados Unidos. A informação foi divulgada nesta terça-feira pelo jornal francês Le Monde. Jornalistas do diário teriam recebido de colaboradores do presidente Sarkozy informações de que há um registro policial sobre Strauss-Kahn. Segundo o documento, DSK – como é conhecido no país – teria sido visto em uma “posição indecorosa” dentro de um carro em uma área de prostituição de Paris. “O Palácio do Eliseu (sede da Presidência francesa), bem mais do que a imprensa, não ignorava nada da vida privada de Strauss-Kahn. O poder, alimentado pelas redes policiais, sabe os segredos mais íntimos dos políticos e usa até mesmo as informações com caráter sexual que dispõe”, afirmou o Le Monde. Investigação – Segundo o jornal, Sarkozy nomeou uma equipe para postos importantes dos serviços de inteligência e de polícia em 2002, logo depois de assumir o cargo de ministro do Interior. Isso significaria que cinco anos antes de chegar à Presidência, ele já conhecia aspectos da vida privada de políticos que poderiam representar uma ameaça eleitoral. “Na época dos fatos, foi decidido no alto escalão não dar continuidade ao ocorrido, nem penalmente nem na mídia. Como DSK não havia passado nas primárias socialistas, no final de 2006, ele não representava mais o mesmo desafio”, diz o artigo do jornal francês. Quando Sarkozy apoiou Strauss-Kahn a assumir a direção do FMI, a oposição interpretou a atitude do presidente como uma forma de ele se livrar de um forte rival nas eleições presidenciais de 2012. Afinal, DSK teria de renunciar ao seu cargo no Fundo para concorrer à Presidência. De fato, nas últimas pesquisas de opinião realizadas na França, Dominique Strauss-Kahn aparecia como o favorito dos eleitores. “Nos últimos meses, à medida que DSK avançava nas pesquisas, colaboradores de confiança de Sarkozy se vangloriavam diante de jornalistas de ter o diretor do FMI nas mãos. Foi assim que esse registro policial veio providencialmente à tona”, escreveu o Le Monde. Histórico – Esta não é a primeira vez em que Sarkozy está envolvido em um caso de espionagem. Em 2010, o Le Monde acusou a Presidência francesa de violar a lei sobre o sigilo das fontes dos jornalistas. Segundo o periódico, o governo utilizou o serviço de contraespionagem para identificar uma pessoa citada em uma reportagem do mesmo jornal sobre o escândalo envolvendo a empresa L´Oréal e um financiamento ilegal da campanha de Sarkozy, em 2007.