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Rússia nega ter retirado funcionários da Venezuela

Depois de declarações dos EUA sobre fim de aliança, governo Putin afirmou que cooperação com Caracas "continua normal e deve ser expandida"  

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2019, 13h04 - Publicado em 4 jun 2019, 12h26

O governo da Rússia negou nesta terça-feira, 4, as informações sobre a retirada de seus funcionários militares e especialistas técnicos da Venezuela, afirmando que a cooperação com Caracas “continua normal e deve ser expandida.”

As autoridades responderam a uma reportagem do jornal americano Wall Street Journal que, no domingo 2, detalhou a redução drástica das atividades da empresa estatal Rostec no país sul-americano. Segundo a publicação, mencionando uma fonte do Ministério de Defesa, de um total de 1.000 funcionários, apenas “algumas dezenas” continuariam na Venezuela.

O Kremlin ainda negou ter informado Washington sobre a suposta retirada dos funcionários, desmentindo declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Isto é aparentemente uma referência indireta a informações da imprensa, porque não houve nenhuma mensagem oficial por parte da Rússia e nem poderia existir”, declarou o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov.

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Na segunda-feira 3, durante visita de Estado ao Reino Unido, Trump havia afirmado em sua conta no Twitter que “a Rússia nos informou que retirou a maioria de seu pessoal da Venezuela.”

A Rostec é uma empresa de tecnologia russa que atua nos setores de aviação, eletrônicos e armamento. Nos últimos anos, a estatal foi responsável por treinamentos aos soldados venezuelanos. Segundo o Wall Street Journal, a redução gradual de suas atividades na Venezuela teria sido causada pelo vencimento dos contratos antigos e pela falta de condições do regime de Nicolás Maduro para continuar pagando os serviços prestados.

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Tanto Trump quanto seu secretário de Estado, Mike Pompeo, vem indicando a influência da Rússia como principal elemento de força de Maduro contra a oposição venezuelana. O país está entre os maiores apoiadores internacionais do ditador chavista e, nos últimos anos, a Venezuela foi um dos maiores clientes de Moscou na região sul-americana.

Ainda na segunda, o embaixador da Rússia em Caracas, Vladimir Zaemsky, já havia desmentido a notícia do jornal americano. Já a assessoria de imprensa da Rostec afirmou que a reportagem exagerou.

“Especialistas técnicos visitam periodicamente o país para conserto e manutenção de equipamentos antes fornecidos. Há uns dias, por exemplo, nós finalizamos a manutenção de um lote de caças”, explicou a empresa. “Uma dezena de pessoas trabalham em nosso escritório em Caracas e sempre foi assim”, finalizou o porta-voz.

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Sob o governo do presidente russo Vladimir Putin, as exportações de defesa de Moscou se tornaram uma ferramenta de política externa. O comércio de armas é supervisionado pelos próprios funcionários da embaixada para ajudar a fortalecer os laços com parceiros políticos.

O último grande contrato que a Rostec cumpriu com a Venezuela foi a construção de um centro de treinamento para operar helicópteros militares, em março deste ano. Até 2018, a empresa ainda operava contratos relacionados ao fornecimento de mísseis e sistemas de defesa aérea.

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Desde o início da ofensiva da oposição, com a autoproclamação a presidente interino de Juan Guaidó em 23 de janeiro, a Rússia renovou suas parcerias estratégicas com Maduro. Ainda em março, o vice-chefe do Estado-Maior da Rússia, o coronel Vasily Tonkoshkurov, desembarcou no país sul-americano com 99 especialistas militares russos.

Eles foram acompanhados por um avião de carga russo Antonov An-124 com 35 toneladas de equipamento para seu aliado.

A Rostec, dirigida por um amigo de longa data de Putin, Serguei Chemezov, tem enfrentado seus próprios problemas financeiros desde que os Estados Unidos começaram a sancionar países que mantivessem relações com a indústria de armas da Rússia, em 2017. Desde então, vários países cancelaram seus pedidos por armas russas.

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Segundo especialistas, a retirada da Rostec, se concretizada como uma medida isolada, poderia afetar negativamente as negociações entre opositores e o chavismo, piorando um conflito violento.

Ontem, ministros das Relações Exteriores do Canadá, Chile, Peru, Uruguai e Portugal, membros do Grupo de Lima e da União Europeia se reuniram na Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York para discutir a situação na Venezuela.

“A Rostec está enfrentando dificuldades e pode ser possível essa retirada parcial, o que poderia alterar o frágil equilíbrio dentro das Forças Armadas da Venezuela”, disse o professor Victor Jeifets, da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Estatal de São Petersburgo e especialista em assuntos latino-americanos. “Mas para a oposição ganhar mais poder de barganha nas negociações, isso teria de se confirmar e comprovar um afastamento da Rússia, o que ainda é um cenário distante.”

Mais de 50 países já reconheceram Guaidó como líder interino legítimo da Venezuela. A Rússia, ainda aliada de Maduro, acusa o governo dos Estados Unidos de querer dar um golpe de Estado.

 

(com AFP, Estadão Conteúdo)

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