A “limpeza étnica” dos muçulmanos rohingyas em Mianmar continua, denunciou nesta terça-feira o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, com uma “campanha de terror e fome forçada para obrigá-los” a fugir para Bangladesh.
“A limpeza étnica dos rohingyas prossegue”, afirmou Andrew Gilmour, subsecretário-geral da ONU para os Direitos Humanos, após uma visita nesta terça-feira a um campo de refugiados em Bangladesh, onde 700.000 rohingyas buscaram refúgio desde o início da onda de violência em agosto do ano passado.
Centenas de rohingyas atravessam a fronteira para Bangladesh a cada semana. “O governo birmanês não para de repetir que está pronto para o retorno dos rohingyas, mas ao mesmo tempo as forças de segurança continuam forçando a sua fuga para Bangladesh”, completou o representante da ONU, que denunciou o papel do exército e a inação do governo.
A violência em Mianmar explodiu em 25 de agosto, quando os rebeldes do Exército de Salvação Rohingya de Arakan (ARSA, na sigla em inglês), que afirmam defender a minoria muçulmana, atacaram dezenas de delegacias de polícia. O Exército birmanês reagiu com uma grande operação em Rakhine, uma área pobre e remota do país, o que obrigou a fuga de dezenas de milhares de pessoas.
A leva de refugiados – muitos doentes ou feridos – está sobrecarregando as agências humanitárias que já socorrem centenas de milhares de vítimas de episódios de violência anteriores em Mianmar.
A dirigente birmanesa e prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi tem sido muito criticada no cenário internacional por sua administração da crise.
(Com AFP e EFE)