Depois de um complicado divórcio com a União Europeia, o Reino Unido está avaliando se deve participar de um novo “clube de nações” político europeu, que será lançado no próximo mês.
A primeira reunião da “Comunidade Política Europeia” será realizada em Praga em 6 de outubro. (Atualmente, a República Tcheca detém a presidência rotativa do Conselho Europeu, órgão executivo da União Europeia.)
Nenhuma decisão final foi tomada ainda, porque Downing Street quer saber mais detalhes sobre a cúpula antes que a primeira-ministra, Liz Truss, se comprometa a participar.
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As dificuldades econômicas britânicas e a crise energética podem levar Truss para a mesa, mas há preocupações de que a nova premiê do Reino Unido recusará a oferta, em parte para evitar antagonizar alguns eurocéticos conservadores.
A Comunidade Política Europeia é uma idealização do presidente francês, Emmanuel Macron. Ele propôs, em maio, um “novo espaço” para a cooperação, sugerindo que o grupo pode discutir segurança, energia e transporte, bem como o movimento das pessoas, principalmente os jovens. A intenção é estabelecer um fórum que vai além dos 27 estados membros da União Europeia.
Ideias semelhantes foram sugeridas décadas atrás, mas este é o primeiro grande impulso para um fórum europeu desde o Brexit. Agora, autoridades do Reino Unido buscam garantias de que a reunião não será dominada por países ou instituições do bloco que já existe, com espaço para novos players.
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Todos os 27 membros da União Europeia devem ser convidados, bem como o Reino Unido, Ucrânia, Noruega, Suíça e Turquia. É provável que seis países ocidentais dos Balcãs sejam convidados, juntamente com a Islândia, Liechtenstein, Moldávia, Geórgia, Armênia e Azerbaijão.
Antes de responder, existem indícios de que o Reino Unido quer consultar o governo da Ucrânia, bem como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Uma agenda provisória sugere que as discussões se concentrariam na invasão da Rússia na Ucrânia, na economia e na crise energética da Europa. No entanto, existem poucos detalhes sobre como seria uma “comunidade política” a longo prazo, e críticos dentro da União Europeia enxergam o projeto liderado pelo líder francês como “vago”, segundo a emissora britânica BBC.
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Também há suspeita de que a França, declarada cética da expansão da União Europeia, quer criar um “estacionamento” para países que aspiram a ingressar no bloco. Os líderes da União Europeia insistiram que a comunidade não deve “substituir” sua política de ampliação.
A Ucrânia se tornou um país candidato oficial à União Europeia em junho, enquanto numerosos países ocidentais dos Balcãs estão no processo de tentar ingressar no bloco há anos.