O rapper curdo Saman Yasin foi condenado à execução por um tribunal do Irã após apoiar manifestações anti-regime no país. A sentença dada nesta sexta-feira, 11, ao artista ocorre em meio a denúncias de que ele e outros manifestantes estão sendo submetidos a tortura na prisão.
Yasin foi acusado de “travar guerra contra Deus” depois de postar seu apoio à onda de protestos que ocorrem desde setembro no Irã.
Saman seydi #SamanYasin , the Kurdish rapper from #Kermanshah was arrested by the security forces on October 2nd during protests in #Teheran . He was reportedly subjected to severe physical torture. Saman has been sentenced to death for protesting against regime. pic.twitter.com/MY80WHmv9o
— Afshin Ismaeli (@Afshin_Ismaeli) November 3, 2022
A revolta da população foi desencadeada pela morte sob custódia de Mahsa Amini, de 22 anos, detida pela polícia moral iraniana por usar “inadequadamente” o véu islâmico.
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Em 6 de novembro, 227 legisladores iranianos instaram o Judiciário a “lidar de forma decisiva com os manifestantes”. Autoridades anunciaram que planejam realizar julgamentos para 1.000 manifestantes presos na capital Teerã.
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Organizações de direitos humanos alertam que o regime pode desencadear uma sangrenta campanha de vingança na tentativa de reprimir o movimento de oposição ao governo.
Segundo as Nações Unidas (ONU), cerca de 14.000 pessoas, incluindo crianças, foram detidas desde que os protestos começaram, há mais de oito semanas. A agência internacional enfatizou a responsabilidade da comunidade internacional em lidar com a impunidade das violações dos direitos humanos no Irã.
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Pelo menos 284 pessoas, incluindo 45 crianças, foram mortas pela repressão do governo aos protestos, segundo relatos da Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos do Irã (HRANA).
A Organização Hengaw para os Direitos Humanos disse que prisioneiros de alto perfil como Yasin poderiam ser usados pelo regime iraniano para tentar aterrorizar aqueles que continuam a protestar.
Yasin, um artista e rapper conhecido e aclamado, tem sido um forte crítico ao regime. Ele escreveu mensagens de apoio aos manifestantes em suas contas nas redes sociais e escreveu várias músicas de protesto.
Outras organizações de direitos humanos dizem que as autoridades tentaram silenciar a família de Yasin, de quem não se ouviu falar desde que ele foi acusado de moharabeh (inimizade contra Deus) no início desta semana.
Familiares de Toomaj Salehi, músico e rapper de 32 anos que também está detido após participar das manifestações, afirmam que ele foi submetido a “tortura severa” por divulgar vídeos dele cantando músicas contra as forças de segurança.
A prisão do artista popular levou a petições online pedindo sua libertação e seus apoiadores compartilharam amplamente a hashtag #FreeToomaj.
Na semana passada, duas jornalistas que reportaram a história da morte de Mahsa Amini foram denunciadas como espiãs da CIA pelas autoridades iranianas, uma acusação que acarreta a pena de morte.