Os Mossos d’Esquadra, a polícia regional catalã, isolaram 1.300 escolas designadas como colégios eleitorais pelo governo local para a realização do referendo de independência da Catalunha. Os oficiais, seguindo ordem do Tribunal Constitucional da Espanha, que declarou o pleito “ilegal”, devem proibir a abertura dos espaços para receber a votação neste domingo. Não há casos relatados de confronto entre as autoridades e manifestantes pró-independência.
De acordo com Jordi Sànchez, presidente da Assembleia Nacional Catalã (grupo popular em prol da independência), 163 das escolas isoladas estão ocupadas por famílias que buscam impedir a interdição policial. O governo catalão diz que serão 2.315 centros de votação espalhados pela região e, para evitar que diretores escolares sejam punidos, assumiu a responsabilidade por todos centros educacionais públicos da Catalunha.
Manifestantes pró-independência conduzem atividades cívicas em escolas da Catalunha
Devido ao “cerco” policial, Sànchez disse em entrevista coletiva neste sábado que seria um “êxito exorbitante” o referendo contar com um milhão de participantes. O número é inferior à consulta popular sobre a independência realizada em novembro de 2014, quando 2,3 milhões de pessoas votaram – a Catalunha conta com cerca de 5,3 milhões aptas a irem às urnas. O ativista afirmou ainda que as lideranças populares em prol da separação da Catalunha consideram a ideia de cancelar o pleito do dia 1 de outubro caso o Governo espanhol ofereça ainda neste sábado alternativas para um referendo compactuado por Madri.
O jornal La Vanguardia publicou um memorando no qual o chefe da polícia aponta que a força deve ser usada apenas como último recurso. “Deve-se levar em conta quais as consequências do uso da força e evitar a escalada desta situação, especialmente quando há crianças, idosos ou outras pessoas vulneráveis entre a multidão”, diz o documento.
O presidente regional da região, Carles Puigdemont, voltou a afirmar que a consulta será mantida, e que o referendo conta com a estrutura necessária para que o pleito ocorra. “Tudo está preparado nas mais de 2 mil seções eleitorais, então elas têm urnas e cédulas, e têm tudo que as pessoas precisam para expressar sua opinião”, disse à Reuters.
Ataque
Quatro pessoas ficaram feridas em um incidente no município de Manlleu, no norte da Catalunha, após um homem atirar com uma arma de chumbo contra um grupo que estava diante de uma escola local. Os feridos apresentaram escoriações leves, e não precisaram ser levados ao hospital. A polícia local investiga o caso, mas ainda não identificou o responsável pelos disparos.
O local será utilizado como centro de votação durante o referendo neste domingo e, segundo informações do Comitê de Defesa do Referendo de Manlleu, os voluntários atingidos faziam guarda na escola para evitar que a polícia intervenha e proíba o funcionamento do espaço.
Manifestações
Milhares de pessoas ocuparam as ruas das principais cidades espanholas neste sábado para protestar contra o referendo de independência da Catalunha. Em Madri, marchas pelas ruas da capital reuniram cerca de 10.000 participantes, segundo as autoridades. Bandeiras espanholas também ocuparam as ruas de outras capitais como Valencia, Sevilha e Santander, em prol da unidade do país.
Em Barcelona, centena de pessoas se reuniram na Praça de St. Jaume contra o pleito. De acordo com o jornal El País, manifestantes gritavam palavras de ordem contra o presidente catalão (“Puigdemont na cadeia!”) e a favor da unidade espanhola (“Sou espanhol!”). Um militante independentista foi agredido no meio da concentração.