O parlamento da Rússia aprovou nesta terça-feira, 5, as primeiras medidas econômicas para auxiliar nos esforços da guerra na Ucrânia, dando ao governo o poder de obrigar empresas a fornecer mercadorias e materiais aos militares, além da permissão para que funcionários realizem horas extras.
As novas medidas colocarão o país em uma base economia de guerra depois de mais de quatro meses de conflito, descrito pelo Kremlin como uma “operação militar especial”.
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“A carga da indústria de defesa aumentou significativamente. Para garantir o fornecimento de armas e munições, é necessário otimizar o trabalho do complexo industrial militar e das empresas que fazem parte das cadeias de cooperação”, disse o vice-primeiro-ministro, Yuri Borisov, em discurso no parlamento.
A Rússia começou sua invasão à Ucrânia em 24 de fevereiro e esperava uma vitória rápida, mas foi surpreendida pela capacidade de defesa dos ucranianos, que impediram a tomada da capital Kiev. Desse modo, o Exército russo sofreu grandes perdas de homens e equipamentos, decidindo direcionar sua ofensiva para o leste do país, onde estão localizadas as regiões separatistas de Donetsk e Luhansk – esta última sendo dominada no último domingo, 3.
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Em resposta, o Ocidente, encabeçado pela Otan, respondeu com sucessivas ondas de sanções e aumentou o fornecimento de armamento para a Ucrânia, além da realocação de tropas para várias regiões da Europa Oriental, em um movimento definido pelo Kremlin como uma “guerra por procuração”.
“Neste momento, quando os países do Ocidente estão aumentando sua presença militar na fronteira com a Rússia, intensificando a pressão das sanções, aumentando o fornecimento de armas para a Ucrânia, a importância de aprovar as leis não pode ser superestimada”, disse Borisov na sessão.
O primeiro projeto, que prevê que o Estado poderia impor “medidas econômicas especiais” durante as operações militares obrigado que as empresas fornecessem bens ao Exército, foi aprovado por unanimidade pela Duma, a câmara baixa do parlamento equivalente a Câmara dos Deputados.
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A segunda proposta diz respeito às horas extras dos funcionários, que dá poderes para as empresas exigirem cargas horárias adicionais à noite, nos finais de semana e feriados e sem férias anuais. No entanto, Borisov anunciou que a exigência não será usada em grande escala e os empregados selecionados receberão um pagamento extra.
Após aprovação da câmara baixa, ambos os projetos ainda precisarão passar por uma segunda e terceira leitura, que acontecerá de portas fechadas na próxima quarta-feira. Após isso, eles serão revistos pela câmara alta, equivalente ao Senado da Rússia, e enviados para o presidente Vladimir Putin, para então se tornarem lei após sua assinatura.