O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, disse nesta segunda-feira, 27, que irá colocar mais de 300.000 soldados em alta prontidão em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, em meio à transformação mais significativa da aliança militar em anos.
De acordo com o secretário, as forças militares nos Estados bálticos e em outros cinco países da linha de frente serão aumentadas “até os níveis de brigada”, ou seja, serão dobradas ou triplicadas para entre 3.000 e 5.000 soldados.
“Isso equivale à maior revisão de nossa defesa e dissuasão coletiva desde a Guerra Fria”, disse Stoltenberg antes da Cúpula de Madri, reunião da Otan que acontecerá entre os dias 28 e 30 de junho.
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Atualmente, a Força de Resposta da Otan de reação rápida contempla 40.000 soldados. A mudança será uma ampla revisão em resposta à militarização russa. De acordo com os planos, o bloco militar também irá transferir estoques de munição e outros suprimentos para o leste, em uma transição que deverá ser concluída até 2023.
Sobre a adesão de Suécia e Finlândia, o secretário-geral disse que não há muito o que fazer até que as objeções levantadas pela Turquia tenham solução. Ele confirmou que o presidente turco, Tayyip Erdogan, concordou em se encontrar com os líderes de ambos os países na cúpula desta semana para tentar resolver a questão.
No entanto, as esperanças de uma solução já nos próximos dias são mínimas. O governo da Turquia disse que está disposto a bloquear os pedidos de Suécia e Finlândia, a menos que receba garantias satisfatórias de que as nações estão dispostas a abordar o que considera apoio aos grupos curdos que são designados como organizações terroristas pelo país.
“Minha forte esperança é que este diálogo possa ser concluído com sucesso em um futuro próximo, idealmente antes da cúpula”, disse a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, enfatizando que a Suécia condena o terrorismo em todas as suas formas e que o Partido dos Trabalhadores Curdos foi reconhecido como um grupo terrorista em seu país.
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Na próxima quarta-feira, 29, está marcado um discurso do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que irá mais uma vez reforçar o pedido para que os países ocidentais enviem armamento ao Exército ucraniano para que a guerra não se prolongue até o inverno do hemisfério Norte.
Stoltenberg disse que a Otan irá concordar com um “pacote de emergência abrangente e fortalecido” para Kiev, incluindo ajuda imediata para “assegurar sistemas de comunicação, sistemas anti-drones e combustíveis”, além de assistência a longo prazo na transição para armas e equipamentos mais modernos.
Apesar do anúncio, o tipo de ajuda fornecida pela Otan continuará sendo não letal, uma vez que o grupo não planeja entrar em guerra com a Rússia neste momento. Os fornecimentos de armamento, portanto, são feitos pelos seus membros de maneira independente.
Atualmente, o bloco militar mantém oito batalhões espalhados pela Europa Oriental com o objetivo de atuar como uma defesa inicial na linha de frente no caso de uma invasão russa. Destes, quatro estão alocados nos países bálticos e na Polônia, e outros quatro foram adicionados à Bulgária, Romênia, Hungria e Eslováquia após o início do conflito na Ucrânia, em 24 de fevereiro.
A Alemanha anunciou neste mês que contribuiria com uma brigada adicional para defender a Lituânia, país que faz fronteira com o enclave russo de Kaliningrado. Atualmente, cerca de 1.000 soldados alemães estão no local e outros 3.500 podem ser prontamente enviados ao leste caso necessário.
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Recentemente, o Reino Unido também contribuiu com 1.700 soldados para um grupo de defesa multinacional que lidera na Estônia e, de acordo com o secretário de Defesa, Ben Wallace, esse número pode crescer ainda mais nos próximos dias. Stoltenberg disse, no entanto, que não haverá um modelo único para todos, sugerindo que nem todos os grupos serão aumentados para o tamanho de uma brigada completa.
A Otan divulgou um relatório que mostra que os gastos de defesa entre seus 30 membros devem aumentar 1,2% em 2022, a taxa de crescimento mais lenta em oito anos de sucessivo crescimento. Dentre eles, nove países devem ultrapassar a meta de 2% do PIB, liderados pela Grécia, com 3,76% e Estados Unidos, com 3,47%.