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Opositores são condenados a 200 anos de prisão por protestos na Nicarágua

Repressão a manifestações em 2018 deixou pelo menos 325 mortos, mais de 700 presos e milhares de exilados em países vizinhos

Por Da redação
19 fev 2019, 10h48

A Justiça da Nicarágua impôs sentenças de mais de 200 anos de prisão aos líderes opositores Medardo Mairena e Pedro Mena pela participação, no ano passado, dos violentos protestos contra o governo de Daniel Ortega, informou o advogado de ambos.

Mairena foi condenado a 216 anos de prisão por “terrorismo” e outros seis delitos atribuídos pela Promotoria à sua participação nos protestos, entre eles a morte de quatro policiais e de um civil, afirmou o advogado Julio Montenegro, da Comissão Permanente de Direitos Humanos (CPDH), uma organização não governamental.

A sentença foi proferida pelo juiz Edgard Altamirano, que em sua resolução também condenou Mena a 210 anos de prisão por terrorismo e outros delitos no âmbito dos protestos, acrescentou Montenegro.

São penas “muito exageradas” que “nunca antes tinham sido contempladas” na Nicarágua, disse o advogado. No entanto, os acusados só vão cumprir a pena máxima de 30 anos, prevista na legislação nicaraguense.

As sentenças foram proferidas depois que o juiz os considerou culpados, em dezembro passado, e a promotoria pediu uma pena de 76 anos de prisão para Mairena e de 63 para Mena, explicou Montenegro.

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Os dois opositores foram transferidos nesta segunda-feira 18 da prisão ao tribunal em Manágua para ouvir as sentenças sem aviso prévio ao seu advogado, que conseguiu, no entanto, obter a ata de condenação e conversar por alguns minutos com seus clientes.

“Receberam a sentença com muita fortaleza”, disse Montenegro, que anunciou que vai apelar das sentenças porque no processo ficou demonstrado que seus clientes não cometeram os crimes a eles atribuídos pela Promotoria, controlada pelo governo.

Mairena é um dos líderes da opositora Aliança Cívica pela Justiça e pela Democracia, formada em maio passado para buscar com o governo uma solução para a crise produzida pelos protestos. Ele participou de um processo de diálogo que não avançou.

Também é o principal líder do movimento camponês que protesta desde 2013 contra a construção de um canal interoceânico na Nicarágua, atualmente suspenso, que ameaçava desalojar milhares de pessoas do sul do país.

Mena também integra a aliança opositora que participou de um malsucedido diálogo com o governo de Daniel Ortega para uma saída para a crise política, disse seu advogado.

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Os protestos

A Nicarágua sofre uma de suas piores crises políticas desde que o presidente Daniel Ortega voltou ao poder em 2007.

As manifestações começaram em abril de 2018, quando milhares foram às ruas para exigir a renúncia de Ortega. A oposição acusa o político de esquerda de tentar consolidar uma dinastia familiar autoritária com sua mulher, Rosario Murillo, que ele escolheu como vice-presidente.

A repressão aos protestos deixou, segundo organizações humanitárias, pelo menos 325 mortos, mais de 700 presos e milhares de exilados em países vizinhos.

Os detidos foram acusados de “terrorismo” e outros delitos com base em uma lei aprovada em julho passado, que criminalizou os protestos com até 20 anos de prisão. Mairena e Mena pegaram penas maiores devido aos crimes a eles atribuídos.

(Com AFP)

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