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O que querem os terroristas talibãs paquistaneses?

Para especialistas, terroristas lutam por uma nação islâmica radical e não aceitam o fato de o Paquistão ter uma aliança com o Ocidente

Por Da Redação
16 dez 2014, 17h55
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  • O terrível atentado contra uma escola em Peshawar, no noroeste do Paquistão, ceifou mais de 130 vidas – em sua maioria crianças e adolescentes – e reiterou a força do grupo extremista chamado Movimento dos Talibãs do Paquistão (ou TTP). A brutalidade e a gratuidade do ataque contra uma escola, infelizmente, não é algo inédito na lista de atrocidades cometidas por extremistas religiosos. Mas o que eles ganham com isso além da condenação e indignação? Qual é o objetivo dos terroristas talibãs?

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    Para Sajjan Gohel, diretor de segurança internacional da Fundação Ásia-Pacífico, o TTP quer que as autoridades paquistanesas parem de interferir nas áreas tribais. Além disso, afirmou, em entrevista à rede americana CNN, os terroristas também têm uma agenda ideológica extremista, com o objetivo maior de criar uma nação islâmica radical. “O principal alvo do TPP é o Estado paquistanês e suas forças armadas”, acrescentou Raza Rumi, do Instituto Jinnah, um think tank do Paquistão. “O movimento talibã quer impor a lei islâmica e se ressente do fato de que o Paquistão tem uma aliança com o Ocidente, que não aceita a sharia”.

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    Gohel afirmou que o TTP está intimamente associado com os talibãs do Afeganistão e com a Al Qaeda – basta lembrar que o terrorista Osama bin Laden, líder da Al Qaeda, vivia no Paquistão, protegido por talibãs, quando foi morto em 2011. Outro ponto em comum entre os talibãs e a Al Qaeda é que ambos são veementemente contra a presença militar dos Estados Unidos na região e lutam para expulsar os soldados. Em 2012, um líder do TTP autorizou “ações externas” – ou seja, atentados no exterior – contra alvos americanos e britânicos. O mesmo terrorista, Hakimullah Mehsud, morto no ano passado em um ataque de drones, também já havia prometido enviar homens-bomba para os Estados Unidos.

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    O analista de segurança da CNN Peter Bergen acredita, porém, que o massacre desta terça-feira pode ser um “espetacular tiro pela culatra”. Para Bergen, “o grupo pode ter ganhado publicidade, mas o ataque a crianças está além dos limites, e haverá uma resposta da política paquistanesa. Se a intenção era fazer com que os militares ou o governo recuasse, isso não vai acontecer”.

    Enquanto no passado muitos paquistaneses apoiaram – e alguns ainda apoiam – negociações de paz com os talibãs, essa posição deve minguar. Tentativas anteriores para forjar um acordo de paz com o grupo foram feitas em 2005, 2006 e 2009, mas todas fracassaram. “A história mostra que fazer negócios com fanáticos religiosos não é bom”, disse Bergen.

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    Ayesha Siddiqua, analista paquistanesa, acredita que o país precisa repensar sua abordagem com grupos religiosos radicais militantes. “Se nada acontecer, este derramamento de sangue vai continuar”, disse. No entanto, é pouco provável que haverá uma grande mudança política num curto prazo, argumenta Ayesha, acrescentando que sinais de inação do governo podem custar caro ao país. “Muito claramente, o objetivo do TTP é causar o máximo dano, matar o maior número de pessoas que eles conseguirem. Eles não estão interessados em reféns, eles estão interessados em matar”.

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    Segundo ela, “uma vez que eles não podem acessar alvos militares ou governamentais, eles estão indo atrás de alvos mais fáceis”. Gohel concorda: “O ataque de hoje é uma declaração muito clara de intenções. Os talibãs têm lutado contra os militares por um longo tempo, agora eles estão priorizando o terrorismo de forma eficaz, como estamos vendo com essas imagens que estão sendo transmitidas no mundo todo”.

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    Histórico – O TTP compartilha a ideologia extremista do Talibã que os Estados Unidos combateram no Afeganistão, mas forma um movimento distinto, que agrupa dezenas de facções jihadistas armadas – uma espécie de coalizão de milícias que luta contra o governo de Islamabad. O movimento nasceu em 2007 sob a liderança de Baitullah Mehsud, quando vigorava no Paquistão o regime militar do general Pervez Musharraf.

    Baitullah Mehsud é apontado como o responsável por orquestrar o atentado que matou a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, em dezembro de 2007. Ele morreu em um ataque feito a partir de um drone americano em 2009. Foi então substituído pelo primo, Hakimullah. Com a morte deste, em 2013, o movimento passou a ser comandado pelo mulá Fazlullah, que chefiava os talibãs do vale do Swat. Ele é acusado de ter ordenado o atentado contra a ativista pelo direito à educação das meninas, Malala Yousafzai.

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