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O plano da Casa Branca para combater a candidatura de Trump à presidência

Assessores de Joe Biden têm uma estratégia para responder ao esperado fluxo constante de ataques do ex-presidente ao atual governo

Por Amanda Péchy
16 nov 2022, 13h28

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após semanas de provocações, confirmou na noite de terça-feira 15 que vai se candidatar à presidência em 2024 pelo Partido Republicano. O anúncio era esperado, e a Casa Branca está preparada. Há meses, assessores do presidente Joe Biden planejam o chamado “projeto Trump”, para combater suas acusações infundadas de que as eleições de 2020 teriam sido fraudadas e que ele seria o verdadeiro vencedor.

Biden passou grande parte do ano passado criticando a agenda que denomina “ultra-MAGA” (acrônimo de “Make America Great Again”, ou Faça a América Grande de Novo, slogan de Trump), tentando manchar a imagem de senadores, governadores e legisladores estaduais republicanos. Agora, ele retornará o foco para seu líder.

Na Casa Branca, um pequeno grupo de assessores presidenciais tem trabalhado para desenvolver um plano de como Biden e a Casa Branca responderão ao que eles esperam ser um fluxo constante de ataques do ex-presidente, agora que ele é formalmente um candidato. Em seu anúncio na terça-feira, ele já afirmou que “Biden e os lunáticos da esquerda radical levando nosso governo até o chão”.

Biden deve continuar enfatizando que Trump é uma ameaça à democracia, mas também está determinado a mostrar que os quatro anos de governo Trump não foram especialmente bons para o povo americano.

Poucas horas antes do discurso de Trump, Biden postou um vídeo no Twitter zombando de falas do ex-presidente sobre ter dado prioridade à “infraestrutura em ruínas” do país. O vídeo, intitulado “A diferença entre falar e entregar”, mostrava Biden assinando um projeto de infraestrutura de US$ 1 trilhão (R$ 5,34 trilhão), justaposta a uma compilação de clipes do ex-presidente usando a palavra “infraestrutura”.

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No meio do anúncio de Trump, ele postou outro vídeo, intitulado “Donald Trump falhou com a América”, mostrando cenas da invasão de eleitores trumpistas ao Capitólio, sede do Congresso americano, em 6 de janeiro de 2021.

O “projeto Trump” é liderado por Anita Dunn, uma das principais estrategistas de comunicação de Biden, e Jen O’Malley Dillon, que comandou a campanha de Biden em 2020 e agora é vice-chefe de funcionários da Casa Branca.

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Biden disse na semana passada que “pretende” concorrer em 2024, mas conversaria com sua família antes de anunciar uma decisão no início do próximo ano.

Ainda assim, autoridades disseram que a presença de Trump na corrida o motivaria a concorrer novamente. Biden vê seu antecessor como um mal que precisa ser cortado pela raiz e observa regularmente que é a única pessoa que já derrotou Trump, o que implica que ele seria a melhor escolha para repetir o feiro. Ele disse anteriormente que “não ficaria desapontado” em enfrentar o ex-presidente em uma revanche.

Recentemente, Biden foi encorajado pela performance melhor do que o esperado entre os democratas durante as eleições de meio de mandato, as midterms. Mas ele próprio continua profundamente impopular, com aprovação de 40%, e enfrenta ventos políticos contrários: uma economia ainda fustigada pela inflação, uma guerra sem resolução na Europa e sua idade avançada.

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Antes das midterms, Biden intensificou as críticas ao movimento criado por Trump. Ele atacou “300 projetos de lei discriminatórios” aprovados pelas legislaturas republicanas e condenou o governador do Texas, Greg Abbott, por investigações sobre famílias com pais transgênero. O presidente também acusou Ron DeSantis, governador republicano da Flórida, de banir livros; e Rick Scott, senador republicano do estado, de uma conspiração secreta para aumentar os impostos dos americanos.

O Comitê Nacional Democrata reuniu cerca de 40 pesquisadores para catalogar cada discurso, entrevista de rádio, aparição na TV e artigo de jornal sobre Trump e outros candidatos republicanos, tentando criar o caso mais abrangente contra o ex-presidente e seus aliados nas próximas campanhas.

Na terça-feira, o Partido Democrata anunciou que começaria a contratar funcionários em New Hampshire, Flórida e outros estados que costumam dar mais votos ao Partido Republicano para fiscalizar o que os candidatos presidenciais republicanos dizem quando começarem campanhas para a Casa Branca em 2024. Esta é a ação mais precoce do tipo na história da legenda.

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“Hoje é apenas o pontapé inicial para o que será uma primária republicana confusa, com candidatos competindo para ser o republicano mais extremo da corrida”, disse Jaime Harrison, presidente do Comitê Nacional Democrata, em comunicado. “O Comitê Nacional Democrata estará pronto para todos eles.”

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Outros candidatos republicanos em potencial serão monitorados, incluindo DeSantis e trumpistas como Tucker Carlson, o apresentador direitista da Fox News, e Mike Lindell, CEO da empresa MyPillow, que apoiou as alegações de fraude eleitoral em 2020. Mas Trump ainda receberá atenção especial.

Segundo Biden, sua campanha para a presidência em 2020 foi motivada por Trump. Ao anunciar sua campanha em 2019, ele criticou seu rival por reivindicar uma “equivalência moral entre aqueles que espalham ódio e aqueles com coragem de se opor a ele”, fazendo referência a um evento defendendo a supremacia branca em 2017, na cidade de Charlottesville, Virgínia.

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Depois, como presidente, Biden tentou ignorar Trump para evitar dar-lhe espaço na mídia, mas sua entrada formal na corrida presidencial pode acabar com a contenção do líder democrata.

O ex-presidente e o movimento de conservadorismo intransigente que ele criou foram temas centrais nas eleições de meio de mandato, mesmo sem o anúncio formal da candidatura do próprio Trump, já que 91% dos seus candidatos venceram as disputas primárias (briga de republicano contra republicano para decidir quem concorreria com a oposição).

Além disso, as nomeações bem-sucedidas de Trump de três juízes conservadores para a Suprema Corte abriram caminho para a decisão de reverter as proteções constitucionais ao aborto. Biden e os democratas aproveitaram essa decisão como parte fundamental de sua campanha para atrair eleitores às urnas em um país onde o voto não é obrigatório.

Também está na mira dos democratas o apoio de Trump à Associação Nacional dos Rifles, em um ano marcado por mais ataques a tiros em massa, inclusive contra crianças em uma escola Uvalde, no Texas, bem como as tentativas do ex-presidente de tentar reverter os resultados das eleições de 2020, com foco em seu papel na invasão ao Capitólio.

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Não está claro até que ponto Trump mantém o controle de ferro sobre os políticos e eleitores republicanos, que ele exerceu de forma tão eficaz durante seus quatro anos na Casa Branca. A maioria dos candidatos que ecoam as acusações de fraude eleitoral foi derrotada – embora por margens estreitas – pelos democratas, que argumentaram que os americanos deveriam rejeitar a agenda do ex-presidente.

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Ainda não está certo quando, nem se, Biden anunciará formalmente sua própria candidatura. Mas, enquanto isso, o próprio presidente está cada vez mais convencido de que sua missão de remover Trump do cargo – e mantê-lo fora da Casa Branca – ainda não acabou.

“Ninguém identificou mais claramente a ameaça existencial que Donald Trump representa para o país do que Joe Biden”, disse Kate Bedingfield, diretora de comunicações da Casa Branca, antes do anúncio de Trump.

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