O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, retornou nesta segunda-feira, 8, ao tribunal para seu julgamento por corrupção, declarando-se inocente. A retomada das audiências ocorre seis semanas antes das próximas eleições no país, cruciais para sua sobrevivência política.
Netanyahu permaneceu no tribunal de Jerusalém por cerca de 20 minutos, apenas endossando uma carta redigida por seus advogados e apresentada à Justiça no mês passado. O documento afirma que o premiê não é culpado.
Há 15 anos no poder, ele é o primeiro chefe de Governo da história de Israel a ser julgado durante o exercício do cargo. Netanyahu é julgado por corrupção, fraude e abuso de confiança em três casos.
Fora do tribunal, dezenas de manifestantes protestaram contra o primeiro-ministro, pedindo sua saída com cartazes em que se podia ler palavras de ordem como “Fora!” e “Não roubarás”.
A retomada do julgamento, marcada para janeiro, foi viabilizada pela flexibilização das restrições contra a propagação do novo coronavírus a partir do domingo 7, resultado da eficiente campanha de vacinação que ocorre em Israel – e na qual o premiê se apoia para salvaguardar sua popularidade e, frente às eleições, seu cargo.
O processo começou em maio de 2020, quando Netanyahu acabara de formar um governo de união com seu rival Benny Gantz. Como ele não havia conseguido assegurar a maioria das cadeiras do parlamento, perdeu sua imunidade.
Desde então, a coalizão governante se desfez e novas eleições gerais foram marcadas para 23 de março – as quartas em menos de dois anos –, o que levanta temores sobre o impacto do julgamento sobre a votação.
Seu partido, o Likud (de direita), continua no topo das pesquisas com 29 assentos de 120, à frente do centrista Yaïr Lapid (17) e do rebelde de direita Gideon Saar (14). Mas por enquanto ele não conseguiria atingir, com seus vários aliados, a maioria de 61 para aprovar uma lei para restaurar sua imunidade judicial.
Os casos “1.000”, “2.000” e “4.000”
O primeiro-ministro está sendo julgado em três casos. O mais famoso deles é o dossiê Bezeq, também conhecido como “Caso 4.000”, em que é acusado de tentar garantir cobertura favorável do portal de notícias Walla em troca de favores do governo. Os benefícios especiais podem ter rendido milhões de dólares a Shaul Elovitch, então chefe da gigante israelense de telecomunicações Bezeq, da qual Walla faz parte.
No segundo caso, Mediagate ou “Caso 2.000”, ele é acusado de manipular o noticiário do jornal pago mais lido de Israel, o Yediot Aharonot, em troca de uma possível lei que restringiria a distribuição do jornal gratuito Israel Hayom, seu principal concorrente.
No terceiro caso, o “1.000”, Netanyahu e membros de sua família são suspeitos de terem recebido presentes – charutos de luxo, garrafas de champanhe e joias – por mais de 700.000 shekels (mais de 1,15 milhões de reais) de famosos em troca de favores financeiros ou pessoais. Segundo o premiê, ele tinha o direito de aceitar presentes de amigos próximos e nega ter concedido qualquer favor.
(Com AFP)