O governo da França manteve nesta quarta-feira, 11, seu projeto de sistema universal de aposentadoria, mas com concessões, após mais de uma semana de mobilização social que paralisa o país contra a reforma, que foi prometida pelo presidente Emmanuel Macron.
“Chegou a hora de criar um sistema universal de aposentadoria”, disse o primeiro-ministro Édouard Philippe ao apresentar a reforma ao Conselho Econômico Social e Ambiental, uma assembleia que o governo e o parlamento consultam na elaboração de leis e políticas públicas.
O projeto visa mesclar os 42 regimes de aposentadoria em vigor atualmente na França em um mesmo sistema de pontos. “Não haverá vencedor nem derrotado”, disse Philippe.
Segundo o premiê, que é o chefe de governo francês e foi nomeado pelo presidente Macron em maio de 2017, “a única solução é trabalhar um pouco mais e gradualmente, como é o caso em toda a Europa”. O governo pretende manter a idade legal de aposentadoria em 62 anos, mas “incentivará as pessoas a trabalhar por mais tempo”.
“Acima da idade legal, nós aplicaremos uma ‘idade de equilíbrio’, com um sistema de bônus-malus [recompensas e penalidades]: 64 anos”, explicou Philippe. O objetivo do governo é que, até 2025, os trabalhadores se aposentem em média aos 64 anos de idade.
Manifestações
Os sindicatos e manifestantes exigem há oito dias a retirada definitiva da reforma. Trens parados, linhas de metrô fechadas, bicicletas e patinetes fora de serviço, creches e escolas parcialmente paralisadas, refinarias bloqueadas: este é o cenário na França desde a última quinta-feira 5.
A mobilização afeta particularmente o transporte público. A operadora ferroviária Sociedade Nacional dos Caminhos de Ferro Franceses (SNCF) e a Região Autônoma de Transportes Parisienses (RATP, o metrô de Paris) rejeitam a abolição de seus regimes especiais.
Os setores do turismo e do comércio estão preocupados com a aproximação das festas de final de ano, enquanto o movimento dos “coletes amarelos” e suas manifestações já haviam perturbado o período comercial e turístico do mesmo período em 2018.
Fazendo uma concessão aos sindicatos, Philippe anunciou que a reforma se aplicaria apenas aos franceses nascidos a partir de 1975.
(Com AFP)